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"No momento de inspiração, os pensamentos de escritor fluem em sua mente, com a força de uma tempestade tropical, como se fossem os acordes mágicos de um violino, infinitos como a vastidão do oceano, belos como o sorriso de uma criança e, com a mesma voracidade, com que correm as pérolas de um colar que se quebra, e as esparrama pelo chão." Comendador José Araújo
domingo, 5 de setembro de 2010
COQUETEL E NOITE DE AUTÓGRAFOS LIVRARIA CULTURA NO CJ. NACIONAL NA AVENIDA PAULISTA EM SÃO PAULO
quinta-feira, 15 de julho de 2010
LANÇAMENTO DO LIVRO
" TRATADO SECRETO DE MAGIA"
" TRATADO SECRETO DE MAGIA"
O evento de lançamento e a peça teatral baseada no livro, serão na Biblioteca Viriato Correa de Literatura Fantástica - R. Sena Madureira, 298, Vl. Mariana, São Paulo, SP - Tel: 11 5573-4017, próxima ao metrô Vila Mariana, em São Paulo, em 07 de agosto de 2010, das 15h00min às 19h00min.
Com a partcipação de José Araújo com o conto:
"O Segredo Desvendado"
"Com o passar dos séculos, dos milênios, tendo sofrido as injustiças cometidas em grandes tribunais criados pelos homens que se diziam tementes a um ser superior, as bruxas se transformaram em crianças escondidas, conduzindo seus rituais em segredo para não cair nas mãos assassinas de homens assustados por não compreenderem o que testemunhavam. Elas temiam se tornar mais uma vez as vítimas dos povos e de suas respectivas crenças e religiões e assim, tornaram-se mestras na arte de se esconder."
Depois de ler este conto de José Araújo, o leitor nunca mais vai ter certeza de que ao seu lado não há nenhuma Bruxa ou Bruxo, em todas as àreas de sua vida, onde quer que ele esteja, sem despertar nenhuma atenção.
domingo, 4 de julho de 2010
RAZÃO X SENSIBILIDADE
domingo, 20 de junho de 2010
O JULGAMENTO
Rogério estava num dilema. Demitia ou não um funcionário. Todas as evidências estavam contra o rapaz, mas não havia provas. Ele e suas sócias na empresa estavam para definir o destino de uma pessoa e aquela não era uma decisão fácil de ser tomada. Exigia dele muita ponderação. Ao chegar em casa, vendo sua esposa e sua filhinha, ele projetou seus pensamentos num futuro distante. Nele sua pequenina seria uma adulta, trabalhando em algum lugar e sujeita a se ver num situação igual ou parecida com a do funcionário que estava para ter seu destino decidido naquela organização. Ele tinha medo de tomar uma decisão errada, mas temia também estar errado. Rogério foi se deitar mas não coseguiu dormir tranquilo. Pesadelos tomaram conta do mundo de seus sonhos. Em dado momento, no auge de um deles, ele se viu à beira de um abismo sem fim. Ele estava escorregando. Ia cair. De repente ele sentiu seu corpo mergulhar num abismo. Caindo, caindo, parecia que aquele buraco não tinha fundo e ele continuou caindo. Seu coração parecia que iria sair pela boca. Ele temia sofrer demais quando finalmente caísse no fundo daquele abismo. Pensar nisto o fazia temer até mesmo seus próprios pensamentos. Foi então, que em dado momento, tudo se apagou. Ele não sentiu dor. Nem pancada.
Do meio de um silêncio profundo, uma voz suave se fez ouvir:
-Rogério,
Não tema. Apenas ouça e compreenda o que tenho a lhe dizer:
Para todos nós, sem nenhuma exceção, cedo ou tarde, prontos ou não, a vida como você a conhece; um dia chegara ao fim. Não haverá mais manhãs de sol, segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. Não haverá passado, presente ou futuro. Todas as coisas materiais que você juntar por toda a sua vida, valorizadas ou esquecidas, irão parar em outras mãos. Sua saúde, fama ou poder de decisão, se tornarão irrelevantes, sem valor. Isto vai acontecer e não importa o que você tenha ou não. Todos os seus sentimentos negativos como, resentimentos, revolta, inveja ou frustração finalmente deixarão de existir e com eles, desaparecerão todas as suas esperanças, suas ambições, planos e listas de metas a alcançar. As perdas e ganhos que uma vez pareceram tão importantes, sem mais nem menos deixarão de ter sentido.
Tudo isto vai acontecer quando chegar a hora, não importa de onde você veio ou de que lado da estrada da vida você caminha quando chegar lá. Não vai importar se você é dotado de uma beleza física fora do comum, ou se é a mais feia das pessoas, esteticamente falando. Assim como não importa se é um burro na expressão da palavra, ou se é um gênio como poucos na face da terra. Mesmo seu sexo ou a cor da sua pele, quando chegar a hora, serão totalmente irrelevantes.
Então, você pode me perguntar, quando chegar a hora, o que realmente vai importar?
Ou, como devemos medir e dar valor ao que realmente importa em nosso dia a dia?
Sem pensar, sem relutar nem por um segundo, eu te reponderei, que o que realmente vai importar, não será aquilo que você comprou; mas sim aquilo que você construiu. Também não será aquilo que você ganhou de alguém, mas aquilo que você deu. O que ira importar no final das contas, não será seu sucesso profissional, seu cargo, status ou posição privilegiada, mas apenas o seu significado na vida das outras pessoas.
Por certo, também não ira importar tudo aquilo que você aprendeu, fosse certo ou errado, o que vai valer muitos pontos em sua prova final, será tudo de bom que você ensinou às outras pessoas, todos os seus atos de integridade, compaixão, coragem ou sacrifício que tenha enriquecido, incentivado ou encorajado outras pessoas a seguir seu exemplo. Não tenha a menor dúvida de que o que vai pesar em muito na balança, não será sua competência, mas sim seu caráter e quantas pessoas que você conheceu durante sua caminhada irão sentir profundamente sua perda quando você partir.
O que irá importar, decididamente, não serão suas memórias, mas sim as memórias que ficarem nas mentes daqueles que conviveram com você e; daqueles que te amaram de verdade. Finalmente, e o mais importante, o que irá importar mesmo, será como você será lembrado, por que e por quem.
Viver uma vida que no final de tudo tenha sido importante, não acontece por acaso, pelo destino ou por acidente, muito menos por uma questão de circunstancias, é uma questão de escolha.
Temos a liberdade para escolher sermos realmente importantes neste mundo e na vida de todos aqueles que nos rodeiam, ou simplesmente, não dar a devida importância ao que vai acontecer no juízo final e, quando chegar a hora, partir sem saber se deixou para trás as marcas do amor, da solidariedade, do perdão ou, as feridas e cicatrizes profundas causadas pelo ódio, ressentimento, preconceito, indiferença e falta de compaixão.
Sempre é tempo de parar, olhar para a frente, para ao lados, para trás, obervar atentamente as marcas que estamos deixando naqueles que nos rodeiam e refletir sobre os reflexos de nossos atos, em nossas vidas e nas as vidas das outras pessoas e quem sabe, fazer a escolha certa, antes que seja tarde demais.
Rogério acordou sobressaltado, sentou-se em sua cama. Estava com o pijama molhado de suor. Sua esposa dormia tranquilamente ao seu lado e sua filhinha em seu berço parecia estar sonhando com anjos. Ela sorria. Ele se lembrou nitidamente de tudo que aquela voz disse a ele e também da decisão que tinha que tomar e que poderia mudar o destino daquele rapaz de uma forma que talvez pudesse lhe causar um mal ainda maior do que aquilo do qual ele era acusado e sem provas. Poderia ser ou não uma grande injustiça. Naquele momento, ele parou, fez exatamente como a voz lhe disse em seu pesadelo, olhou a frente, para trás, para os lados, observou no semblante tranquilo de sua esposa dormindo e no sorriso de sua filhinha dormindo as marcas que ele estava deixando em suas vidas e resolveu que não iria optar pela demissão do pobre rapaz a quem nem sequer foi dada a chance de se defender.
Naquela tarde, na reunião para decidir o futuro do jovem, seu voto foi por mantê-lo na empresa e dar a ele uma nova chance de mostrar que as acusações sobre ele eram injustas. Entre quatro votos, treis decidiram por demitir o rapaz e o voto de Rogério não afetou a decisão final. Rogério apesar de não concordar, não teve como contestar. Apenas manteve sua opinião, pediu licença e saiu da sala. Enquanto caminhava pelos corredores da empresa, uma voz se fez ouvir:
“Que a tire a primeira pedra, aquele que nunca errou. Mas aquele que já errou e atirar assim mesmo a pedra naquele que é acusado, vagará pelos tempos e nunca terá a chance de passar pelo Juízo Final.”
Rogério se arrepiou.
Fez o sinal da Cruz e agradeceu a Deus por não ter permitido que ele fosse um dos que jogaram as pedras naquele rapaz.
No dia seguinte, as sócias entraram no prédio onde ficava a empresa da qual eram sócias com Rogério, entraram no elevador e apertaram o botão do 32º andar. Ele estava entrando no prédio quando a porta do elevador onde elas estavam se fechou. Ele pegou o outro. Ao chegar no 29º andar, o elevador onde elas estavam parou entre um andar e o outro. Aquilo já havia acontecido antes, mas de alguma forma elas se sentiram assustadas. Algo de profundamente errado estava acontecendo com aquele equipamento. Depois de alguns minutos de espera pelo socorro após terem acionado o alarme, depois de um barulho forte de cabos se rompendo, o elevador caiu.
Não houve tempo nem para que elas pudessem pensar. No dia seguinte ao delas terem tomado a decisão de demitir aquele rapaz, sem dar a ele a chance de se defender, tinha chegado para elas o momento do seu próprio julgamento, o Juízo Final, mas elas não foram submetidas a ele, suas almas ficaram vagando para todo o sempre no fosso negro e profundo do elevador que caiu.
sábado, 12 de junho de 2010
O CHOCALHO
Quando eu era apenas um garotinho, eu e minha família morávamos numa Olaria, uma fábrica de tijolos de barro e durante toda a minha infância, eu convivi com muitos animais. Eu nem via o tempo passar correndo pelos campos que havia no enorme terreno onde ficava nossa pequenina casa de tijolos. Ela havia sido feita com materiais fabricados na própria Olaria, tanto os tijolos, como a massa que os unia e as telhas, eram feitas de barro. Foram tempos inesquecíveis. Sei que nunca esquecerei tudo que aconteceu naquele lugar. Lá, onde a pobreza era grande, mas, à beira do rio Tietê, na Várzea do Palácio, que fica no município de Guarulhos em São Paulo, onde cresci, havia paz e todos os seres vivos tinham forte ligação comigo e com as outras pessoas que moravam naquele lugar mágico e cheio de encantos, que na época, eu não dava a ele o devido valor.
Lembro de um acontecimento que marcou para sempre meus tempos de criança. No pasto, todo cercado, que havia perto de nossa casa, viviam dois cavalos. Se a gente olhasse de longe, os dois eram exatamente iguais. Tinham o mesmo tamanho e até suas crinas e caudas tinham o mesmo comprimento. Contudo, se chegássemos bem perto, veríamos uma coisa muito interessante. Um deles era cego. Meu tio, o velho Tião, não quis sacrificá-lo quando ele ficou cego após ter adoecido ao contrair um mal desconhecido. Muito pelo contrário. Ele o colocou no pasto cercado, onde havia alimento para ele em abundancia e muita grama verde e macia para quando ele quisesse se deitar para descansar. Lá, ele vivia confortável e seguro e meu tio por varias vezes parava junto à cerca, a caminho de sua tarefa diária na Olaria e ficava absorto em pensamentos. Eu observava tudo com muita atenção. Não compreendia aquela atitude dele, mas o tempo se encarrega de nos desvendar segredos que quando somos crianças não conseguimos decifrar. Dia a dia, curioso, eu comecei a acompanhar a vida daqueles dois animais mais de perto. Descobri que de longe, não havia nada de diferente naquele cenário magnífico, cheio de verde e de vida, mas chegando mais perto e ouvindo atentamente, era possível ouvir sinos tocando e eles vinham da direção do cavalo que não era cego.
Meu tio tinha colocado um chocalho amarrado por um cordão a um dos tornozelos dele e, por onde quer que fosse, era possível saber onde ele estava. Parado ao lado da cerca, olhando os dois animais, percebi que aquele que não era cego e, que carregava o pequeno chocalho, olhava de vez em quando na direção do seu amigo, que não mais podia enxergar. Percebi também que o cavalo cego seguia seu amigo por onde quer que ele fosse. Lentamente, ouvindo barulho do chocalho, ele caminhava na direção de seu amigo e, para ele, parecia ser uma coisa absolutamente normal. Ele agia como se acreditasse piamente no sinal sonoro dado a ele por seu amigo e o seguia na direção certa, sem nunca errar o caminho. Nos finais de tarde, quando a noite se aproximava, o cavalo que não era cego se dirigia ao pequeno estábulo de madeira que havia sido construído para os dois.
O mais interessante, era que antes de entrar nele, ele dava uma parada, fazia movimentos com a perna para fazer barulho com o chocalho e olhava para trás, para ter certeza de que seu amigo estava ouvindo o som e que o estava seguindo de perto. Sempre que ele fazia isto, eu me emocionava e meus olhos se enchiam de lágrimas. Com o passar dos anos, compreendi que assim como meu tio, dono dos dois cavalos, Deus não nos deixa de lado porque não somos perfeitos, ou porque temos problemas na vida. Ele esta sempre nos observando para ter certeza de que não ficamos para trás e quanto temos dificuldades, ele sempre dá um jeito de colocar outras pessoas ao nosso lado para nos ajudar, quando mais necessitamos.
Algumas vezes, somos como o cavalo cego, sendo guiados pelo som do chocalho que Deus põe naqueles que ele coloca em nossos caminhos. Outras vezes, somos como o cavalo que não era cego e ajudamos outras pessoas que encontramos durante nossa jornada pela vida, a encontrar o caminho.
Viver é estar todos os dias, durante vinte e quatro horas em sala de aula. Deus nos ensina muito a cada segundo de nossas vidas e ele o faz enquanto vivenciamos tudo que acontece conosco em nosso dia a dia. Muitos de nós aprendemos as lições que nos são ensinadas, passamos de ano e continuamos a aprender até o fim de nossos dias em constante evolução. Outros, tem que ficar em recuperação para ser lembrados daquilo que lhes foi ensinado, mas que não aprenderam, porque não deram ao Mestre, a devida atenção.
Autor: José Araújo
domingo, 6 de junho de 2010
A GOTINHA DE ORVALHO
O inverno acabou. O dia estava radiante. Naquela manhã de primavera, quando o sol nasceu e espalhou suavemente sua luz sobre a natureza exuberante, uma gota de orvalho que estava sobre uma folha e que tinha acabado de acordar, tornou-se consciente de toda a beleza que havia ao seu redor. Lá embaixo, um riacho de águas límpidas e sonoras, davam ao lugar um clima de muita paz. Orgulhosa de sua beleza simples, ela estava radiante consigo mesma e muito feliz. Ao lado dela, havia também outras gotas de orvalho. Algumas na mesma folha que ela, outras em folhas que estavam em outros galhos da mesma planta e todas brilhavam à luz do sol como pequenos diamantes. Contudo, a gota de orvalho se achava a melhor e a mais especial entre todas elas.
-Nossa! É tão bom ser uma gota de orvalho! Ela falou.
Em meio a tanta beleza, tantas cores e perfumes das flores que haviam acabado de desabrochar, ela não poderia ser mais feliz!
Enquanto ela admirava encantada tudo ao seu redor, o vento foi aumentando e de repente começou a balançar as folhas e a gota de orvalho sentiu-se escorregar. O pavor tomou conta de seu coração e mais ainda quando a gravidade, com a inclinação da folha, começou a empurrá-la na direção da ponta da folha onde ela estava, rumo ao desconhecido.
-Por que? Ela Pensou.
-Porque isto esta acontecendo comigo? As coisas estavam indo tão bem. Eu estava confortável e segura. Por que as coisas tinham que mudar? Por que?
Em meio ao seu desespero a gota de orvalho chegou à ponta da folha. Ela estava aterrorizada. Tinha certeza de que iria se despedaçar em milhares de pedacinhos quando caísse lá embaixo! Tinha chegado o seu fim. Aquele dia radiante de primavera tinha apenas começado e seu fim tinha chegado tão depressa. Tudo lhe pareceu tão injusto. Tão sem sentido!
Na sua ansia por viver ela tentou se agarrar desesperadamente em qualquer coisa que pudesse segurar na superficie da folha, mas foi em vão.
Finalmente, exausta e sem forças de tanto tentar se salvar, ela não aguentou mais e lentamente foi se soltando e então, ela se deixou cair. Se rendeu à força da gravidade.
E lá ela se foi. Caindo, caindo…
Enquanto caia, ela teve tempo de olhar para baixo e lá ela viu algo que se parecia com um espelho. Ela estava caindo, mas sua própria imagem refletida nele, parecia estar subindo ao seu encontro. Ela e sua imagem foram se aproximando mais e mais até que finalmente, numa fração de segundos, elas se uniram.
Foi então que algo maravilhoso aconteceu. O medo se transformou em um profundo sentimento da mais pura alegria, da mais pura realização enquanto aquela pequenina gota de orvalho se misturou com a vastidão de água que havia naquele riacho que corria mansamente em meio à floresta, rumo a um rio que por sua vez iria desaguar num oceano.
A pequenina gota de orvalho que não queria morrer, que se achava melhor do que todas as outras, que tentou de todas as formas se salvar da queda, já não mais existia, mas a melhor parte da estória, é que ela não foi destruída.
Ela tinha se tornado apenas mais uma gota em meio a um todo e, ela se sentiu muito bem, compreendeu finalmente que é assim que deve ser, que ninguém é melhor do que os outros, seja o que for, tenha o que tiver, pois de acordo com as Leis de Deus, é assim que deve ser para todos, afinal, somos todos iguais, seus filhos e nada mais. Não há exceção.
Autor: José Araújo
sábado, 29 de maio de 2010
UM ESCRITOR NA PRISÃO
sexta-feira, 21 de maio de 2010
JOSÉ ARAÚJO PARTICIPA DA ANTOLOGIA ESPECIAL BIENAL DE MINAS GERAIS 2010 - ALL PRINT EDITORA COM LANÇAMENTO NO EXPOMINAS DIA 23 AS 16 HORAS
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O ESCRITOR JOSÉ ARAÚJO AUTOGRAFA SEU LIVRO "POR UM MUNDO MELHOR" DIA 21 DE MAIO, ÀS 19 HORAS, NA BIENAL DE MINAS GERAIS 2010 STAND M09 USINA DE LETRAS
Depois do sucesso de vendas na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em setembro de 2009, depois de ter encantado os paulistanos com seu estilo único de escrever contos, que são um bálsamo para o coração do leitor, o escritor José Araújo chega a Minas Gerais, terra de seus pais e de toda a sua família, que na sua maioria são das cidades de Passos de Minas, Bom Despacho e Belo Horizonte.
José Araújo traz em sua bagagem 56 anos de experiência de vida e muitos “causos” para contar através de seus contos baseados em acontecimentos do dia a dia, que o autor transforma de forma mágica e cativante, em emocionantes estórias que levam o leitor à reflexão e refletindo, muitas vezes ele se vê nitidamente nas situações vividas pelos personagens.
Seu livro Por um Mundo Melhor – Contos para Reflexão, foi escrito para leitores de todas as idades, para todos os sexos e tem encantado milhares de pessoas pelo Brasil afora, que em muitos casos, o adotaram como livro de cabeceira. Aquele livro que a gente quer ter sempre por perto para que possamos abri-lo em momentos difíceis em busca de paz, de fé, de esperança de uma vida melhor, com paz, amor, coragem e muita determinação. Isto explica o sucesso deste autor. Ele traz de volta o romantismo do passado, mas abordando de forma contemporânea os problemas que nos afligem no dia a dia. Ler este livro, nos faz acordar para a realidade de que para sermos felizes, precisamos correr atrás da realização de nossos sonhos e, por consequencia, fazendo deste mundo, um lugar melhor para se viver.
Não perca a oportunidade de conhecer este autor e sua obra na Bienal de Minas Gerais de 2010 em Belo Horizonte!
Dia 21 de maio às 19 horas, no Expominas, estande M09, da Usina de Letras Editora, o escritor José Araújo estará autografando para o público mineiro este livro que pode mudar sua vida para melhor, com o estímulo de positividade, bons sentimentos e muitas emoções.
Expominas, estande M09, Avenida Amazonas 6030, Bairro da Gameleira, Belo Horizonte, Minas Gerais.
domingo, 9 de maio de 2010
LÁGRIMAS DE DEUS NO CÉU DO SERTÃO...
O sol ardia e o calor era insuportável. Parecia que aquele dia estava sendo o mais quente do ano. A seca no interior do nordeste brasileiro era a pior das ultimas décadas. Severina com o olhar distante, dizia a si mesma que se não chovesse logo, não sobraria uma única alma viva para contar a historia de fome, de sede e de muito sofrimento naquele lugar. Não chovia há muito tempo. As cabras estavam morrendo e as poucas vacas que ainda estavam de pé, não produziam leite. Os animais estavam magros e fracos. As pessoas tentavam sobreviver e salvar seus filhos da morte certa como podiam. Os homens estavam sendo obrigados a caminhar longas distancias para conseguir trazer água, mas aos poucos, os outros vilarejos mais próximos tinham ficado sem um a gota de água se quer. As prefeituras tinham que enviar caminhões pipa com o liquido vital para matar a sede da população.
A coisa estava tão ruim que foi preciso fazer racionamento de água até mesmo dentro de casa. Quando o caminhão da prefeitura trazia água até cidadezinha mais próxima, Severina e seu marido Ericlênio iam buscar a fonte da vida em galões de alumínio que antes eram utilizados para carregar o leite das vacas para vender. Quando retornavam ao seu pequeno lar, o pouco de água que conseguiam trazer, era guardada num latão com tampa e que tinha uma torneira improvisada que seu marido colocou nele e, que eles deixavam debaixo de um cajueiro, o único lugar mais fresco que encontraram para que a água não se evaporasse com o calor. De qualquer forma, o cajueiro não ficava muito próximo à casa deles e era preciso uma boa caminhada para chegar lá. Não que fosse exageradamente longe, mas devido ao terreno irregular, da janela da cozinha só se podia ver os galhos mais altos da arvore. Naquele dia Severina achava que não iria suportar aquele calor.
Ela e sua família já tinham passado por maus bocados, mas aquela seca estava sendo demais para qualquer um. Sem chuva, sem mandiocas para fazer farinha, sem o leite das vacas, já havia quase nada para comer e principalmente, logo não haveria absolutamente nada para alimentar Minguinho, seu filho de apenas seis anos de idade, era o que mais lhe doía no coração. Ericlênio havia saído e ela estava na cozinha raspando um pedaço de rapadura para juntar com um resto de farinha de mandioca e dar ao seu pequeno filho. Olhando para fora ela parecia olhar, sem nada ver. Havia uma tristeza enorme naqueles olhos antes tão alegres e esperançosos. A seca no sertão era sempre implacável, mas agora, depois de tanto ouvir falar pelo rádio sobre o aumento da temperatura do planeta, Severina já estava acreditando que o fim de todos estava próximo.
Em dado momento algo chamou sua atenção e forçando um pouco a vista, ela viu seu pequeno filho caminhando em direção a onde estava o cajueiro. Ela não teria dado muita atenção ao fato dele estar andando pelos arredores, o que era usual, mas foi o jeito como ele estava caminhando que a deixou intrigada. Ela parecia estar indo até onde estava o cajueiro, mas indo com alguma missão a ser cumprida, não zanzando de lá para cá como era seus costume. O menino desapareceu das vistas de sua mãe, demorou um pouco a reaparecer, mas quando o fez, vinha andando com muito cuidado e ele vinha com suas mãos juntas, como se formando uma concha e ele trazia nelas algo que não dava para ver de longe. Severina ao vê-lo dirigir-se para os fundos da casa achou que poderia ter encontrado alguma coisa que o interessou e acabou por não se preocupar mais com o assunto.
Contudo, minutos depois lá ia ele de novo. Ao vê-lo andando desta vez, mais rápido e decidido na direção do cajueiro, ela resolveu averiguar melhor. De novo ele desapareceu de suas vistas, mas minutos depois ele vinha retornando e com suas mãos juntas, em forma de concha, trazia algo e seguia andando cuidadosamente na direção dos fundos da casa. “Este menino está aprontando alguma coisa!” Ela pensou. Com aquele calor miserável, se nem os animais mais fortes como os bois e as vacas estavam aguentando, como poderia um garotinho franzino e subnutrido como seu pequeno Minguinho sobreviver se abusasse muito de sua sorte? O que ela não esperava, era que iria aprender uma grande lição, testemunhando o único milagre que ela iria ver acontecer em sua vida.
Preocupada e curiosa, ela deixou o que estava fazendo e saiu discretamente pela porta dos fundos e sem que ele percebesse, ela o seguiu quando ele se dirigiu mais uma vez em direção ao cajueiro. Ao chegar lá, Severina viu quando ele se ajoelhou em frente ao tambor onde guardavam a pouca água que conseguiam e juntando as duas mãos, ele ficou aguardando a água cair nelas, gota por gota até que enchesse e depois, cuidadosamente ele se levantou, tentando manter o equilíbrio para não perder nem uma gotas e pôs-se a caminhar de volta para casa. Ela se escondeu bem para que ele não a visse e quando ele já estava ha alguma distancia, ela se aproximou do tambor e constatou que havia um pequeno vazamento água na torneira e o liquido precioso e vital se perdia gota por gota, sem parar. Severina virou-se e seguiu pequenino de volta para casa e como adulta, mais rápida do que ele, ela chegou primeiro cortando caminho para não ser vista e o esperou.
Quando ele chegou, foi direto para o quintal dos fundos e se dirigiu para onde havia o cercado onde ficavam as cabras, passou por baixo dele, se equilibrando com o maior cuidado e foi até onde haviam algumas cabras prostradas no chão, quase morrendo de fome e de sede e quando ela viu que ele ia passar junto ao velho bode, o mais bravo e perigoso que tinham e que ainda estava de pé e com forças suficientes para atacar Minguinho, seu coração quase parou. Se gritasse o bode poderia se assustar e ataca-lo, se ficasse quieta, talvez fosse pior, mas o que aconteceu a deixou sem ação. O velho bode olhou para o menino, balançou a cabeça devagar como se faz quando se concorda com alguma coisa, deixando-o passar e o acompanhou até onde estava um pequeno cabritinho. O pequenino era pele e osso e nem mais conseguia se levantar. Minguinho chegou perto dele, abaixou-se e com o maior cuidado aproximou suas mãos com a água que trazia nelas da boca do animalzinho. Sem forças nem para levantar direito a cabeça, com um tremendo esforço ele esticou sua pequena língua para tocar a água e Minguinho se abaixou o mais que podia para facilitar.
Presenciando aquela cena, os olhos de Severina encheram-se de agua. Lágrimas de pura emoção rolaram livremente sem seu rosto cansado e maltratado pela seca. Que ironia. Ela pensou. Não cai uma unica gota de chuva ha tanto tempo, mas bastou presenciar o que meu filho esta fazendo, para que elas aparecessem de dentro de mim. Quando o cabritinho conseguiu lamber toda a agua que havia em suas mãos, Minguinho se levantou e saiu correndo em direção a onde estava o tambor. Severina ainda emocionada o seguiu e aguardou seu retorno no meio do caminho, escondida atrás de uma grande rocha. Quando ele vinha voltando, ela saiu de seu esconderijo e se colocou em sua frente, impedindo sua passagem. Seu pequenino filho parou, levantou os olhos que encontraram os dela e eles se encheram de lágrimas. Com a voz embargada, Minguinho disse a ela que não estava desperdiçando água. Foi tudo que ele disse e começou a caminhar de novo. Ela saiu de seu caminho. Aquela era sua missão e ele a estava cumprindo. Severina não disse nada, apenas afastou-se e deixou passar.
Quando ele passou, ela o seguiu de volta acompanhando-o de perto. Ao vê-lo se ajoelhar ao lado de outro animalzinho caído no chão, tentando fazer com que ele bebesse a pouca água que tinha conseguido trazer na concha que ele fazia com suas pequenas mãos, mais uma vez e a emoção foi maior e as lágrimas caíram de seus olhos. Vendo aquele coração maior do que ele mesmo. Tão lindo e radiante que parecia ofuscar até mesmo a luz daquele sol que estava matando tudo e a todos naquele lugar, elas foram caindo, uma a uma e então, subitamente, ao caírem, outras gotas se juntaram a elas e outras mais se juntaram cada vez mais...
Estava chovendo! Mas como? Não havia sequer uma nuvem nos céus daquele deserto no sertão! Severina atônita olhava para o céu, enquanto seu filho e os poucos animais que ainda estavam de pé pulavam de alegria; recebendo as gotas de chuva como se fosse o maior presente que tivessem recebido em suas vidas. Lentamente, as gotas que vinham do nada foram molhando tudo naquele lugar. Era um milagre o que estava acontecendo. A vida finalmente estava sendo preservada.
A natureza se encarregaria de fazer germinar novamente as sementes das plantas que morreram e tudo voltaria ao normal. Depois daquele dia Severina sempre soube que provavelmente muitos iriam dizer que milagres não acontecem realmente, que tudo foi só coincidência. Afinal tem que chover em algum lugar e que naquele dia, a chuva sem nuvens deveria ter alguma explicação cientifica.
Mas ela decidiu que não iria discutir aquele assunto, nem ia tentar. Tudo que ela sabia, era que a chuva caiu sobre o deserto do sertão salvando o bem maior, a vida, exatamente como fez Minguinho, seu pequeno grande homem. Carregando em suas mãos aquela água que estava para ser desperdiçada, pingando da torneira e caindo na areia escaldante e que estavam sendo usadas por ele, carregando-a como ele podia, fazendo uma concha com as mãos, caminhando um longo percurso, após esperar que ela enchesse suas mãos, gota por gota, sem desistir, para salvar as vidas daqueles pobres animais.
Até hoje, quando ela se lembra daquele momento de suas vidas, em estado de extrema gratidão, Severina se ajoelha no chão e com as mãos levantadas em direção ao céu, com o coração batendo rápido de tanta emoção, sabe que aquela chuva que caiu naquele dia, vinda de lugar algum, sem uma nuvem no céu, só podia ser mesmo as lágrimas de Deus, caindo dos céus do sertão, enquanto ele chorava de emoção, de orgulho e satisfação, vendo cá embaixo, Minguinho, sua pequena grande criação, fazendo o que ele estava fazendo, cumprindo sua missão sem medir esforços, com toda a força de seu coração, em nome do amor.
Autor: José Araújo