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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O MISTÉRIO DESVENDADO...



Desde os primórdios dos tempos, no inicio das Eras, o Grande Criador ensinou à Bruxas o conhecimento de todos os segredos do Universo. Elas foram instruídas sobre o que deveriam fazer para completar o circulo das artes, das estações do ano e como se comunicar com o espirito do planeta. Ele o fez porque nós humanos nos esquecemos de tudo que ele tinha nos ensinado quando nos criou.

Elas aprenderam a falar com os espíritos dos mortos, a honrar seus ancestrais e a preparar cuidadosamente e cautelosamente a sucessão das professoras na arte da bruxaria. Ele também ensinou a elas a arte de como focar a mente com força suficiente para lançar um feitiço. No cérebro de cada Bruxa, Ele deixou gravado o mapa que leva aos padrões de todas as energias do sistema solar para que elas possam lançar seus feitiços em qualquer circunstâncias, seja debaixo das estrelas, à luz da Lua, ou sob a Luz do sol escaldante do deserto. O Grande Criador ensinou a elas o segredo dos quatro elementos da natureza, aprenderam a falar com os espíritos do ar, do fogo, da agua e da terra e com isto, elas aprenderam também a se comunicar com o reino animal e vegetal. Com o poder destes conhecimentos, Ele ensinou a elas a magia do tempo e a arte de curar com a energia das plantas e, mais do que tudo, elas aprenderam a proteger a si mesmas e se tornaram mestras na arte de sobreviver. A cada Bruxa foi dado o conhecimento dos ritos da purificação e a habilidade de usar este conhecimento para aperfeiçoar cada nova linhagem de sua própria espécie.

Contudo, Ele criou para elas o Sagrado Quadrado das Bruxas, uma regra composta pela conjugação dos verbos, saber, desejar, atrever e silenciar, porque Ele, tinha plena consciência de que nem todos os seres humanos comuns dariam boas vindas a seres tão especiais e que eram portadores da magia e do amor. Uma vez tendo completado seu projeto na criação das Bruxas, Ele as enviou a todas as culturas existentes no mundo. Em cada canto do planeta, em cada tribo de humanos na Terra, nasceu um ser que carregava consigo a determinação de cumprir a missão lhe fora confiada pelo Divino. Desta maneira, elas passaram a ser conhecidas por muitos nomes, foram chamadas de muitas outras coisas, em muitas raças, em muitas linguas, mas em segredo, no fundo de suas almas, Bruxas elas continuaram a ser. Acima de tudo, de qualquer coisa, elas tinham que levar adiante, geração após geração, a mensagem de que Ele existe.

Mesmo com o incansável, árduo e dedicado trabalho do povo da magia, o perfeito amor e a perfeita crença não acontecem facilmente. Muitas religiões surgiriam entre os homens na face da terra para reverenciar O Grande Criador. Cada qual achava que adorando a Ele da maneira como o faziam, iria trazer a eles todas as forças e riquezas de que precisavam. Desapontado com o comportamento das diversas religiões que surgiam, o Grande Criador abandonou cada uma delas, permitindo que seus seguidores perecessem, morrendo e retornando ao pó de onde vieram e, aos poucos, cada raça ia desaparecendo, sobrando muito poucos para contar a historia. Nações que preferiram se destruir entre sí, matando uns aos outros, deixando muitos dos seus adoecerem espalhando as doenças ruins pelo mundo, fazendo com que o desespero e a tristeza ganhassem a luta contra o amor e a solidariedade. Os homens se esqueceram de que o poder interior de cada um de nós é infinitamente maior do aquele que achamos que temos quando ganhamos uma batalha contra o inimigo.

Que inimigo? Nós mesmos?

Uma raça tão descrente, tão irracional, tão materialista e com a mente cega, incapaz de raciocinar e discernir entre o bem e o mal, não iria acreditar nas Bruxas se elas lhes dissessem que eram do bem e que foram enviadas pelo Grande Criador.

Na verdade, eles não acreditaram.

Eles as queimaram.

Então, com o passar dos séculos, dos milênios, tendo sofrido as injustiças cometidas em grandes tribunais criados pelos homens que se diziam tementes a um ser superior, as Bruxas se transformaram em crianças escondidas, conduzindo seus rituais em segredo para não cair nas mãos assassinas de homens assustados, por não compreenderem o que testemunhavam. Elas temiam se tornar mais uma vez as vitimas dos povos ao redor do planeta e suas respectivas crenças e religiões. Com o passar dos tempos, quando o mundo foi ficando cada vez mais na escuridão causada pelo ódio criado pelos homens, o Gênio do Mal levantou-se de seu sono nas profundezas da terra, cuspindo fogo em forma de lavas de vulcões ha muito adormecidos e que entraram em erupção em cada canto do planeta, cobrindo a terra com uma intensa energia negativa que estava levando a humanidade ao caos, ao dia do julgamento final. Foi então, que o Grande Criador sussurrou no ouvido de cada Bruxa ao redor do planeta, dizendo que elas deveriam se juntar e absorver em seus corpos a energia positiva da luz do luar e a força renovadora dos raios do sol, o que lhes dariam a força que precisavam para vencer o Gênio do Mal.

Assim foi feito.

De cada esconderijo, de cada lugar de onde menos se possa imaginar que estaria se escondendo uma Bruxa, elas foram surgindo. Num ponto da cidade, a Babá carinhosamente colocou o bebe em seu berço, disse a ele algumas palavras, quase que sussurrando em seus ouvidos, pediu à faxineira que cuidasse dele e saiu, uma enfermeira que cuidava de um paciente numa UTI, arrumou cuidadosamente o travesseiro dele, pediu a uma colega de trabalho que se encarregasse de cuidar dele até ela voltar, pegou a bolsa no vestiário, foi até o elevador e apertou o botão de chamada. Mal ela o fez e a porta se abriu. O elevador desceu até o térreo, a porta se abriu, mas dele, não saiu ninguem. O condutor de uma da composições do Metrô ao chegar ao Terminal Corinthians Itaquera, sendo substituido por outro, foi até a escada rolante e desceu. O colega de trabalho que o esperava próximo às catracas, esperou alguns instantes, mas ninguem apareceu. Ele sumiu sem deixar vestigios. Um advogado que estava preparando uma petição para protocolar um prazo fatal no Fórum João Mendes, deixou sua sala, foi até a recepção dizendo que iria tomar um café do outro lado da rua e se foi. Ele não retornou. Uma dona de casa que havia terminado de preparar com carinho o jantar para o marido que logo iria chegar, desligou o fogão, tirou o avental, pegou sua bolsa e saiu.

Quando ele chegou minutos depois, não havia nenhuma pista de onde ela poderia ter ido. Nem ao menos um bilhete ela deixou e se foi. Um professor que estava dando aulas para uma classe de alunos na faixa de sete a nove anos de idade, pediu licença a eles, dizendo que iria até a diretoria e retornava logo, saiu, pediu a uma colega substituta que cuidasse da classe porque não estava se sentindo muito bem e se foi. Ele não voltou. Um mendigo que esquentava seu café em uma fogueira improvisada debaixo de uma ponte, na região do bairro do Carrão, de repente deixou a lata com o liquido precioso no chão, entrou numa brecha no muro de concreto que sustentava a ponte por baixo e desapareceu. Os outros mendigos que lá estavam tentaram encontrá-lo mas foi em vão. Ele sumiu. Do outro lado da cidade, num convento, uma freira fazia suas orações quando de-repente se levantou do banco em que estava sentada na capela, seguiu em direção a uma das colunas, passou por detrás dela, mas não surgiu do outro lado. Em todo o planeta, pessoas de todos os tipos, de todas as classes sociais, de todas as profissões misteriosamente estavam desaparecendo de suas casas, de seus locais de trabalho, dos locais onde costumeiramente eram vistas.

Uma a uma, mulheres, homens e crianças, aos poucos, foram levitando, subindo em direção ao firmamento com o auxilio de seus poderes, e lá no alto, elas foram se unindo, e elas eram tantas, que não demorou muito tinham completado um circulo em volta do planeta juntando suas mãos. O que aconteceu, foi mesmo pura magia. De olhos fechados, com a mente aberta para receber as energias da luz da Lua e do Sol, seu poder foi crescendo, crescendo, e então, chegou o grande momento: Quando seus corpos e mentes estavam totalmente carregadas da mais pura energia divina, um clarão se fez emanar de seus corpos que haviam formado um cinturão em volta da Terra. Gradativamente, ele foi se espalhando por todo o planeta e o mal, que se alimentava da escuridão causada pelos homens com o culto do ódio e da destruição, foi derrotado e retornou às profundezas da terra onde era seu lugar.

Satisfeito com suas mais devotas, fieis e obedientes criações, Ele disse a elas que a Lua e o Sol foram as mais perfeitas ferramentas que ele usou no momento da Grande Criação e que, enquanto eles brilhassem no firmamento, elas poderiam energizar seus corpos e mentes sempre que fosse preciso, caso tivessem que lutar de novo na pior das guerras. A guerra do bem contra o mal. No rosto e no olhar de cada bruxa, o brilho da fé e da crença de que Ele esta acima de tudo era evidente. Desde então, mais do que nunca em toda a historia da humanidade e do aparecimento da Bruxas na face da terra, cada uma delas, bem dentro de seu coração, sabe que enquanto a Lua e o Sol existirem, sempre que olharem para cima, em direção ao firmamento, terão mais do que nunca, a certeza de que o Grande Criador existe e está dentro de cada um de nós. Que não há nada neste mundo, ou em nós, que não seja parte integrante de sua criação.

O ser humano que se diz racional, o mesmo ser que matou na fogueira uma infinidade de seus semelhantes, quando seus próprios crimes eram piores do aquilo de que ele acusava as bruxas, quando se vê diante de algo que ele não pode ou não quer compreender é arrebatado pelo desejo insano de destruir aquilo que lhe é desconhecido. Na verdade, ele teme a descoberta daquilo que ele considera estranho e anormal. Prefere viver entre os padrões que ele mesmo cria, para se sentir em segurança. Se esquece, ou prefere fazer de conta que não sabe do fato de que usamos apenas 10% de nossa capacidade mental e que entre a realidade, a fantasia e a ficção que habitam sua mente, sempre há uma ligação. Se estão lá, é por alguma razão e a resposta para isto, só pode ser dada pelo Grande Criador.

Aqui, o mistério da existência das Bruxas foi desvendado. Não importa o nome que dão a Ele ou a elas por este mundo afora, seja qual for a religião, Ele é um só e esta em todo lugar, Ele é único e é o Grande Criador. Se as Bruxas existem, se elas são do bem ou do mal, não cabe a nós decidirmos esta questão. Elas são obras daquele que nos criou e se Ele as colocou aqui por nossa causa, não cabe a nós questionar.

Se você acredita ou não, a opção é sua. Contudo, preste muita atenção. Em em qualquer lugar, a qualquer momento, uma Bruxa pode estar presente em sua vida de alguma forma sem despertar a menor suspeita.

Lembre-se de que por nossa causa, por nossas atitudes irresponsáveis ao caça-las, torturá-las e queima-las cruelmente, para encobrir nossos próprios erros, elas se tornaram mestras na arte de se esconder para sobreviver.

Se em algum momento, você achar que viu algo de estranho em alguem, um brilho diferente no olhar, um sorriso encantador, ou até mesmo, quando surgido do nada, alguem aparecer na sua vida para te ajudar, não se assuste, não tenha receio, não tome nenhuma atitude negativa contra este alguem pelo fato de que não o conhece e por ter medo de quem ele possa ser. Não cometa o mesmo erro julgando precipitadamente como fizeram nossos antepassados.

Apenas abra seu coração e sua mente. Aceite o bem que ele ou ela esteja querendo fazer a você, afinal, pode ser uma delas, que foi enviada por Ele, no momento em que você estiver prestes a perder a pior de totas as batalhas.

A luta que por vezes travamos em nosso interior, a luta do bem, contra o mal...

Autor: José Araújo

domingo, 6 de dezembro de 2009

A DECISÃO



Final de tarde de uma quarta feira com muita chuva em São Paulo. A cidade havia acordado naquele dia com os noticiários da TV mostrando os alagamentos em vários pontos da capital paulistana. Por consequencia do mau tempo, o aeroporto de Congonhas estava cheio. Muitos voos atrasados, alguns cancelados, outros transferidos para o aeroporto internacional de Guarulhos. As filas no Check-In estavam enormes e as pessoas nervosas no meio de um turbilhão de gente falando ao mesmo tempo.

No meio daquilo tudo estava Daniel. Naquele dia, ele tinha ido buscar seu amigo Gustavo que iria chegar de viagem. Ele estava vindo do Rio de Janeiro para passar alguns dias na casa de Daniel. Gustavo estava de férias e como não se viam há quase um ano, resolveu matar as saudades do amigo. Enquanto esperava a chegada do voo em que ele viria e que nem mesmo tinha previsão da hora de chegada, naquela loucura causada pelo mau tempo, ele resolveu andar um pouco para esticar as pernas. Ele já tinha estado sentado por muito tempo e no meio de tanta gente, quem levantava, perdia o lugar e sendo assim, só se levantou quando estava cansado de ficar sentado.

Andando pelas dependências do aeroporto, ele se distraiu um pouco olhando as vitrinas das lojas, depois foi para a praça de alimentação, tomou um café e assim, o tempo foi passando, mas nada do avião que traria Gustavo pousar. Após algum tempo ele resolveu voltar para a área de desembarque. Ao chegar lá, ele percebeu pelo volume de gente que esperava a chegada de alguém, que depois de mais de uma hora dele ter ido caminhar não havia pousado nenhum avião. Por instantes, ele pensou em ir ao balcão de atendimento da companhia aérea e perguntar se o pouso havia sido transferido para Guarulhos, mas quando ia se dirigir para lá, algumas pessoas começaram a sair pelo portão de desembarque. A saída era lenta e pelo volume de pessoas, era de dois ou mais voos que haviam finalmente pousado.

Naquele lugar, cheio de gente ansiosa e nervosa pelas circunstâncias em que se encontravam devido às chuvas na capital paulistana, num determinado momento, algo inusitado e inesperado aconteceu que mudou sua vida para sempre. Foi uma destas coisas que acontecem sem que a gente espere e que muitos de nós, só tem conhecimento delas por ouvir outras pessoas falarem a respeito. Ele estava lá, em frente ao portão de desembarque, olhando ansioso para ver se enxergava o amigo, quando um homem de meia idade veio andando em sua direção sorrindo e carregando uma pequena mala de viagem.

Por alguns instantes, ele pensou que era alguém que conhecia mas de quem não se lembrava no momento e, quando pensou em retribuir o sorriso, ouviu uma voz de criança gritar: "Papai!"

Um tanto encabulado, Daniel virou-se discretamente na direção de onde veio a voz e viu um garotinho que provavelmente tinha uns cinco anos de idade e ao lado dele, outro garoto de nove anos mais ou menos e também uma jovem senhora que carregava uma linda menininha no colo, que no máximo, deveria ter um ano e meio de idade. Era a família dele, Daniel logo percebeu.

Ao se aproximar de sua família, ele colocou a mala no chão, abaixou-se, abraçou e beijou seu filho mais novo de uma forma tão carinhosa que Daniel se emocionou. Quando se separaram, ele segurou o rosto do menino com as duas mãos e disse a ele que era muito bom vê-lo de novo e que o amava muito. O menino sorriu timidamente e colocando suas mãos nos ombros do pai e disse a ele que o amava também.

O homem se levantou e então, seus olhos encontraram os do garoto mais velho e os dois sorriram um para o outro, de uma forma muito especial. Eram sorrisos de alegria, de felicidade, de carinho e amor. Ao aproximar-se de seu filho maior, eles se abraçaram muito e foi um abraço longo. Daqueles que quando duas pessoas se gostam verdadeiramente, elas não querem que ele se acabe, que dure uma eternidade.

Depois de terminado o momento especial do abraço, o homem passou a mão nos cabelos do garoto e disse a ele que já estava se tornando um homenzinho, que o amava demais e os dois se abraçaram novamente e foi o mais carinhoso abraço que Daniel já tinha presenciado em sua vida. O garoto não disse nada. Não havia necessidade de palavras.

Enquanto aquelas cenas do mais puro amor entre pai e filhos acontecia, a pequenina que estava no colo da mãe estava excitada, sem desviar os olhos do que estava acontecendo e não parava de gesticular seus pequenos braços na direção de seu papai. Quando ele se aproximou delas, com o mais belo sorriso estampado no rosto, ele a chamou de sua menininha e logo foi pegando-a no colo, beijando seu rostinho, enquanto ela procurava com as duas mãozinhas acariciar o rosto de seu papai.

Poucos instantes depois da magia do reencontro entre ela e o pai, a pequenina simplesmente se aconchegou no peito dele, encostou sua cabeça em seus ombros e lá ela ficou. Inerte, apenas aproveitando o inigualável calor do amor de um pai carinhoso e atencioso. Naquele instante, a emoção foi mais forte e Daniel não resistiu a uma lágrima que teimou em rolar de seus olhos. Para ele, aquelas cenas de amor entre família, não era uma coisa comum. Eles eram na expressão da palavra uma família feliz, que se amava muito!

Após um bom tempo, ele entregou sua filhinha ao menino mais velho e disse a ele que havia deixado o melhor por ultimo. Sorrindo carinhosamente, se dirigiu à sua esposa, dizendo que a amava muito e a abraçou e beijou como se fossem rescem casados, ainda em Lua de Mel, mas, certamente não eram. As crianças eram a prova disto. Por um longo tempo, o casal ficou se olhando nos olhos e naquele momento, Daniel pode ver que em seus olhares havia um brilho mais do que especial, o brilho do amor verdadeiro e incondicional. Ele literalmente se arrepiou.

Um tanto confuso, Daniel percebeu o quanto aquela cena de família o havia tocado. Aquela demonstração de amor puro e verdadeiro que acontecia a questão de passos de onde ele estava, em certo momento, o fez sentir-se desconfortável. Era como se ele estivesse invadindo um verdadeiro santuário, ou descobrindo algo realmente sagrado. Sem perceber, ele ouviu sua própria voz perguntando ao homem a quanto tempo eles eram casados.

O homem respondeu que estavam juntos há quinze anos, mas casados, há onze e, ao dizer isto, seu sorriso de contentamento não poderia ser maior enquanto contemplava maravilhado o sorriso doce de sua esposa que o abraçava com amor.

Atônito, Daniel se ouviu perguntando ao homem há quanto tempo ele estava viajando e a resposta... o fez estremecer. Com a maior naturalidade, ele respondeu ainda compartilhando seu sorriso com toda a sua família, que estava fora de casa há treis longos dias.

Mentalmente Daniel exclamou: "Treis dias????"

Verdadeiramente ele estava em estado de choque! Por tudo que ele viu entre os membros daquela família, a tão poucos passos de onde ele estava, ele tinha absoluta certeza de que aquele homem estava longe de casa a semanas. Meses talvez! Exatamente como quando somos pegos de surpresa por alguma coisa inédita e inesperada nos acontece, a expressão do rosto dele o traiu e ele sabia disto. Esperando sair daquela situação embaraçosa, de uma forma gentil e talvez graciosa, Daniel disse ao homem que esperava que quando se casasse, ele e sua esposa fossem ainda tão apaixonados um pelo outro após quinze anos de vida a dois.

Ao ouvi-lo dizer isto, o homem de repente parou de sorrir. Lentamente, ele se aproximou e olhando bem no fundo dos olhos de Daniel, com uma intensidade tão grande que atingiu até mesmo o mais fundo de sua alma, disse algo que o transformou em outra pessoa. Foram poucas palavras, mas de um poder imenso, capaz de mover e remover as montanhas mais altas e os abismos mais profundos, barreiras que muitas vezes criamos em nossas mentes para nos impedir de alcançar nossas metas, nossos sonhos e que nos impedem de sermos felizes.

Ele disse: "Não espere meu amigo... DECIDA!

Numa fração de segundos, aquele sorriso largo e maravilhoso de felicidade retornou aos lábios daquele homem e, apertando fortemente a mão de Daniel, ele disse: "DEUS O ABENÇOE!"

Após dizer isto, ele se virou, acenou mais uma vez e juntos, todos abraçados, ele e sua família se foram rumo ao mundo que ele escolheu para si e para as pessoas que ele mais amava na vida, o mundo da felicidade. Daniel ainda estava observando aquela família feliz se distanciando, quando Gustavo se aproximou dele e perguntou curioso, o que ele estava enxergando ao longe e com aquele ar de curiosidade, tão aparente em seu rosto.

Daniel, sem tirar os olhos do lugar onde eles estavam, sem ao menos perceber que estava falando com seu amigo que havia acabado de chegar, respondeu em voz firme e com uma determinação, que nem ele mesmo sabia que existia dentro de si:

ESTOU ENXERGANDO MEU FUTURO!

Autor: José Araújo