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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

TODAS AS CORES DO ARCO-ÍRIS...



Eu simplesmente não acredito que você esta fazendo isto comigo mãe!


Gritava Daniel para sua mãe que o chamava da janela de seu apartamento, na Rua Frei Caneca, a uma quadra da Avenida Paulista, a mais paulista de todas as avenidas. Ele estava na frente do edifício onde morava e pulava em um pé só, tentando calçar uma sandália havaiana, para poder subir e ir se arrumar para um encontro indesejado. Sua mãe uma mulher esclarecida e muito especial, sempre soube de sua opção sexual e quando ele entrou em casa, ela disse sorrindo num tom de brincadeira, que ele não precisava ficar nervoso. Sair com um rapaz para tomar um lanche, não queria dizer que eles tinham que se casar. Daniel sorriu para ela e disse que ela não existia. Três semanas antes, sua mãe reencontrou uma família amiga, que eles não viam há muito anos. Eles foram vizinhos até que Daniel completou seu décimo aniversário e então, eles se mudaram para o interior do estado e acabaram por perder o contato, mas agora, estavam de volta a São Paulo e desta vez para ficar. Por uma destas coincidências da vida, a família amiga tinha um filho, apenas dois anos mais velho que Daniel. Na tentativa de recuperar o tempo perdido com a distancia, a mãe dele em conjunto com a mãe do outro garoto que se chamava Alexandre, combinaram um passeio deles ao Shopping Frei Caneca, sem consultar aos dois. Seria um encontro para que a velha amizade de seus filhos fosse reatada, além do mais, Alexandre era muito reservado e sendo praticamente novo na capital paulista, precisava de um empurrão para se enturmar novamente. Eles se encontrariam na casa de Daniel e de lá iriam para o Shopping. Daniel havia ficado furioso com sua mãe por ter combinado tudo sem dizer nada. Ele se lembrava de Alexandre como um garoto chato, barrigudo e com aparelho nos dentes, o que fazia da imagem em sua lembrança ainda pior.


Alguem lhe contou que quando ele nasceu, Alexandre fez questão de escolher o presente que sua mãe iria dar a Daniel como lembrança e ele, todo orgulhoso e cheio de si, escolheu um patinho de borracha, daqueles que se põe na banheira para o bebê brincar enquanto toma seu banho. Mas ele não escolheu qualquer um. Ele escolheu um patinho azul que tinha um Arco Iris pintado em suas costas. Enquanto Daniel escovava seus dentes, ele se recordava de um velho álbum de fotografias de sua infância. Nele, havia uma foto antiga onde ele e Alexandre estavam sentados num banco, em frente à Paróquia do Divino Espirito Santo, que ficava na rua de sua casa, enquanto aguardavam outros amigos de seus pais chegarem, para a missa dominical. A velha fotografia, mostrava Alexandre com o braço em volta do pescoço de Daniel, que timidamente olhava para o chão, mas Alexandre não. Ele olhava diretamente para a câmera fotográfica, com um sorriso largo nos lábios e um brilho intenso em seu olhar. Naquela época, os dois estudavam na mesma escola e quando se encontravam pelos corredores, Daniel fazia de tudo para passar despercebido aos olhos de Alexandre, mas era sempre em vão. Ele sempre dava um jeito de se aproximar. Nem que fosse apenas para dizer um oi. Debaixo do chuveiro, enquanto Daniel deixava a agua correr livremente sobre seu corpo, ele se perguntava, como e porque, ele acabou se deixando levar pelo arranjo de sua mãe. Já fora do chuveiro, ele se enxugava rapidamente, mas na esperança de que Alexandre não viesse, afinal, eles não tinham nada em comum. Um era engenheiro eletrônico, supostamente Hétero, o outro um professor de música e Gay assumido. Do que eles poderiam falar no encontro? Como Daniel, sendo um professor de música, poderia enturmar um engenheiro eletrônico com seus amigos que eram ligados ao mesmo ramo de sua profissão e que também compartilhavam na maioria de sua opção sexual? - Em que furada eu fui deixar me meter! Disse Daniel em voz alta.


Ele saiu do banheiro e foi para seu quarto, e enquanto trocava de roupa, a campainha tocou. Em silencio, por uma fresta na porta entreaberta, ele ouviu quando sua mãe recebeu Alexandre, como se fosse alguem da família que ela não via há muito tempo. Ela o abraçou e beijou no rosto, dizendo que estava muito feliz de reve-lo depois de tanto tempo. Ele acanhado, agradeceu seu carinho e sua atenção. Os dois se dirigiram para a cozinha, aliás, a cozinha era só para pessoas íntimas da casa e Daniel não entendeu a atitude de sua mãe. Não podendo ouvir mais nada, ele começou se trocar, mas algo dentro dele rezava para que ele não fosse obrigado a sair com Alexandre. Desde pequeno, pelo que se lembrava, ele sentia uma sensação desagradável quando estava perto dele. Enquanto Daniel calçava o tênis, seu celular tocou. Era seu amigo mais chegado, perguntando se ele já havia se encontrado com o tal "cara" de quem ele havia falado. Ele disse que não. Disse ao amigo que o "cara" estava ainda na cozinha com sua mãe e que iria até lá em poucos instantes e precisava desligar. Antes de terminar a conversa, ele pediu ao seu amigo para lhe fazer um favor. Daniel e Alexandre iriam até o Shopping Frei Caneca, para tomar um lanche na praça de alimentação. Isto seria mais ou menos dentro de uma meia hora. Pediu ao amigo que os encontrasse lá e inventasse qualquer mentira. Qualquer coisa para que ele pudesse deixar Alexandre o mais rápido possível. Tudo ficou combinado. Afinal, para seu amigo mais chegado, aquilo era apenas mais um jogo, pois os dois se livravam mutuamente de grandes "furadas" quando necessário. Daniel acabou de se vestir e ao caminhar pelo corredor que dava para a cozinha, parecia que seus Tenis eram de cimento. Ele estava sem a menor vontade de se encontrar com Alexandre. Ao se aproximar, ia ouvindo a voz de sua mãe muito alegre e tagarela tecendo elogios a Alexandre.


Como poderia ela gostar de um "garoto" como ele. Feio, chato e ainda por cima, barrigudo, convencido e antipático? Ao entrar na cozinha, foi impossível não notar a presença de Alexandre. Ele estava sentado na mesa da cozinha, de frente para sua mãe. Ele tinha uma postura impecável. Ombros largos, braços peludos e musculosos. Sua pele bronzeada, seu cabelo impecavelmente cortado e penteado. Alexandre usava uma barba muito bem cuidada e a moldura que ela e seu cabelos pretos e cacheados davam ao seu rosto, faziam dele a imagem de um Deus grego. E que olhos azuis mais lindos ele tinha! Não é possível! Pensou Daniel. Onde foi parar aquele garoto de quem ele se lembrava? Aquele homem à sua frente, com porte atlético e que devia ter 1,80 de altura, não poderia de forma alguma ser moleque chato. Ele se levantou da cadeira onde estava sentado para cumprimentar Daniel, apertou sua mão e sorriu para ele mostrando seus dentes magníficos. Daniel ficou boquiaberto com a perfeição de seu sorriso! Aquilo só poderia ser o resultado de anos de uso de aparelho corretor. Ao toque da mão de Alexandre, Daniel estremeceu. Uma energia elétrica preencheu todo o ambiente. Ele ficou sem palavras. Apenas sorriu para Alexandre enquanto aqueles olhos azuis cintilavam ao olhar para ele. - É muito bom reencontrar você meu amigo! Disse o rapaz. Muito nervoso, Daniel disse que o prazer era todo dele, mas pediu licença logo em seguida, dizendo que havia esquecido algo ligado, e saiu correndo em direção ao seu quarto. Em segundos, ele entrou nele e foi direto para o seu banheiro. Lá ele se trancou. Daniel estava ofegante. Seu coração batia milhares de vezes por minuto. Parecia que ia sair por sua garganta. A adrenalina que corria em seu corpo parecia queimar suas orelhas. Ele estava excitado como nunca esteve na vida. Sua mente teimava em afirmar que aquele "cara" na cozinha, não era o garoto de quem ele se lembrava. Ele era um homem muito bonito, simpático, educado, com um charme, que ele nunca tinha visto em um homem, e mais ainda. Era muito sensual. De virar a cabeça de qualquer um. As mãos de Daniel estavam tremendo de emoção. Desordenadamente, ele começou a vasculhar suas gavetas, à procura de outra roupa para vestir. De repente ,ele parou e pensou consigo mesmo, que aquilo, não seria uma atitude inteligente. Que seria óbvio demais para Alexandre ,se ele reaparecesse na cozinha com outra roupa.


Daniel resolveu voltar para onde eles estavam, mas agora, seus pés já não pareciam usar Tenis de cimento. Muito pelo contrário! Ele caminhava a passos largos em direção à cozinha e cheio de excitação. Ele mal podia respirar pois a imagem de Alexandre agora impregnava sua mente. Ela o fazia imaginar coisas cada vez mais excitantes. Ao entrar na cozinha, Alexandre já se despedia de sua mãe e eles foram em direção ao hall do elevador. Quando ele se abriu, Alexandre colocou sua mão nas costas de Daniel para que ele entrasse primeiro e ele estremeceu. Ao chegarem no estacionamento no subsolo, eles entraram no carro e ficaram lá. Parados. Um olhando longamente para o outro. Não foi preciso nenhuma explicação. Seus olhares disseram um ao outro, o que precisavam saber. Em meio ao silêncio que dava vazão ás vozes de seus corações, um beijo longo e apaixonado aconteceu e eles apenas se entregaram ao momento, sentindo seus corações batendo em disparada em seus peitos. Após um longo tempo, entre troca de carícias, beijos e abraços, quando finalmente começaram a conversar, parecia que os assuntos não iriam mais se esgotar. Ele não pararam de falar por um longo tempo, relembrando historias de sua infância e riram muito. Principalmente, da época em que Daniel ficava nervoso com a presença de Alexandre. Quando ficavam sem falar um com o outro, por algum desentendimento, era Alexandre quem primeiro procurava conversa novamente. Daniel descobriu que por trás daquele charme sedutor e encantador, não havia apenas um homem sensual. Ele era muito mais do que ele pode imaginar. Alexandre era inteligente,íntegro, um homem com a cabeça feita, que conhecia os fatos da vida e sabia muito bem lidar com eles em todos os aspectos. Por fim, eles compreenderam que tinham muito em comum e que sua conexão, era uma coisa muito mais profunda do que a historia de vida na infância que eles compartilhavam.


O amigo de Daniel ao chegar no Shopping, subiu as escadas até a praça de alimentação várias vezes sem encontrar os dois. Depois de quase três horas, após andar bastante, ele resolveu passar mais uma vez pela praça de alimentação, e foi então que de longe ele os viu. Observando mais atentamente, ele percebeu que o comportamento de Daniel não era o de quem estava chateado, ou inconfortável. Ele parecia mais feliz do que nunca. Era como se aquele não fosse o Daniel que ele havia conhecido, pois ele apesar de ser bem humorado, trazia no olhar uma tristeza que era impossível de se esconder, mesmo estando sorrindo. Ao aproximar-se dos dois, se apresentou a Alexandre e pediu licença para falar com Daniel por um minuto, pois precisava falar algo serio e particular com o amigo. Alexandre com toda gentileza e educação, disse que iria ao banheiro e o dois ficaram a sós. O amigo de Daniel, pronto para lhe salvar de mais um encontro às cegas, perguntou como andavam as coisas e Daniel disse que melhor não poderiam estar. Inconformado, ele disse a Daniel para pensar direito, afinal, ele nem conhecia o "cara". Foi então que Daniel lhe disse que na verdade ele o conhecia por toda a sua vida. Que achava que se as coisas continuassem como estavam caminhando, eles iriam acabar ficando juntos um dia. Um ano depois, eles se mudaram para um apartamento na Rua Frei Caneca, bem perto do condomínio em que Daniel tinha morado com sua mãe. Anos depois, em cima de um aparador na sala de estar, haviam fotografias da comemoração que os amigos fizeram para eles, quando resolveram ir morar juntos e um pouco acima, pendurada na parede, uma velha foto mostrava Alexandre e Daniel sentados no banco em frente à igreja. Alexandre com o braço em volta do pescoço de Daniel, sorrindo para a câmera, com um brilho intenso em seu olhar, enquanto Daniel timidamente olhava para o chão. Toda a vez que Daniel passava em frente ao aparador, lá estava Alexandre, sorrindo para ele na fotografia pendurada na parede. Depois de longos e longos anos de uma vida a dois, de muita cumplicidade, amando-se sempre como se fosse a primeira vez, Daniel às vezes se perguntava, se desde aquela época, aquele garoto de quem ele se lembrava com tanta antipatia e que tanto o incomodava em sua infância, já sabia de tudo que iria acontecer entre os dois.


Talvez a resposta para sua pergunta, estivesse no patinho de borracha que ele ganhou de Alexandre quando nasceu. Ele era todo azul, com um lindo arco-íris pintado em suas costas. A vida é cheia de surpresas. Ela não proíbe, nem força a ninguém a amar ou deixar de amar alguem. Tudo que aconteceu com Daniel e Alexandre, só foi possível porque a vida tem regras que ninguém pode quebrar, e uma delas, talvez a mais importante, surgiu em suas vidas, de uma maneira incomum. Ela diz que qualquer emoção que possamos sentir, desde que ela seja sincera, acontece absolutamente de forma involuntária. Não podemos força-la, ou evita-la. Tudo que tiver que ser, será. Pode até tardar, mas um dia vai acontecer. Daniel e Alexandre, não escolheram sentir o que sentiam um pelo outro. Eles encontraram o amor num lugar onde jamais esperavam encontrar em suas vidas. Um amor que aconteceu como tinha que ser, e foi vivido num lugar, que para eles sempre foi muito mais do que especial, pois foi naquela rua que eles nasceram. Tudo aconteceu na Rua Frei Caneca, bem no coração de São Paulo, a cidade que acolhe de braços abertos todas as raças, todas as religiões, todas as crenças e que sabe admirar e apreciar como Alexandre e Daniel, todas as cores do arco-íris. Poderia ter acontecido em qualquer outro lugar do mundo, mas tinha que ser em São Paulo, porque afinal das contas, foi nesta cidade que todas as coisas boas aconteceram nas vidas de Daniel e Alexandre. Passear de mãos dadas no calçadão da Avenida Paulista, ir ao cinema, ao Shopping caminhando abraçados, demonstrar publicamente seus sentimentos e serem respeitados por isto, não acontece em qualquer lugar, mas aqui eles tiveram este direito garantido. A felicidade dos dois foi o resultado das opções que eles fizeram na vida. Eles optaram por viver em São Paulo e optaram por ser felizes, e o foram. Ser feliz definitivamente é uma opção. O resto, é resto e ponto final.


Quando Daniel tinha 16 anos, ele escreveu um texto que foi escrito com todo seu sentimento, com toda a sua indignação de um jovem adolescente, pelo preconceito que sentia por parte de algumas pessoas, e nele, ele dizia:

"Se as Rosas podem ser amarelas, vermelhas, brancas e ainda assim, continuam a ser Rosas, se os nossos cabelos podem ser pretos, loiros ou castanhos e ainda assim, continuam a ser cabelos, se os nossos olhos podem ser castanhos, pretos, azuis ou verdes, e ainda assim, continuam sendo olhos, então, por que as pessoas não podem ser especiais, diferentes, únicas, originais, e ainda assim, continuar a ser pessoas e ser respeitadas como seres humanos? Se as Rosas podem ser amarelas, vermelhas, brancas e ainda assim, continuam a ser Rosas, por que é que eu tenho que ser do jeito que as outras pessoas querem que eu seja?"

Desde muito jovem, muitas vezes podaram as penas de suas asas para que ele não pudesse mais voar, mas ele amadureceu com o tempo e com o sofrimento. Aprendeu que o importante para a mente e para o coração é ser autêntico, ser verdadeiro. Não se deixou prender dentro de sí mesmo pelas regras criadas pela dita sociedade dos homens. Daniel acreditou no poder da fé em Deus que um dia seria feliz, e ele foi. Quando as penas de suas asas cresceram novamente, e ele pode finalmente voar, ele foi em direção ao lugar onde poderia encontrar juntas, todas as cores do Arco-Íris.



Dedicatória:


Dedico este conto, a todos os meus leitores e amigos, que como eu, aboliram de seus dicionários as palavras, orgulho, preconceito e discriminação. A todos aqueles que aprenderam a viver e deixar viver, e em especial, aos que ouviram seus corações e optaram decidir por vontade própria, que ao invés de preferir o Azul, ou o Rosa individualmente, iriam escolher e gostar de algo diferente. Que iriam gostar, de todas as cores do arco-íris.



Autor: José Araújo


Fotografia: Noite na Avenida Paulista

Fotógrafo: José Araújo

domingo, 19 de outubro de 2008

EM BUSCA DA VERDADEIRA LUZ...




Já passavam das 15 horas.
Maria até aquele momento ela estava às voltas com os afazeres domésticos. Ainda de pijama, ela usava um de seus preferidos. Ela gostava de se sentir à vontade e confortável. Estava usando um que era bem batido e surrado. Cabelos sem pentear, juntados para cima e presos por uma “piranha”, enfim, ela estava exatamente como se tivesse acabado de se levantar. Naquele momento exato, ela estava embaixo da cama de seu quarto, procurando uma fivela que havia desaparecido no dia anterior, e ninguém havia encontrado. O que ela nem podia imaginar, é que aquele dia seria decisivo em sua vida e a mudança que estava para acontecer, jamais havia passado por sua cabeça. Seria algo que para ela, nem em sonhos era possível acontecer. Enquanto ela se arrastava embaixo da cama, tentando encontrar o que procurava, a porta do quarto se abriu. Rodrigo seu marido ao entrar, se depara com apenas os pés de Maria para fora e ele não acredita no que esta vendo. Ele chama por ela e ao ouvir sua voz, Maria levanta a cabeça, batendo-a com força na madeira da cama. Ela estava tão absorta no que estava fazendo, ao ouvir seu marido a chamar seu nome, se esqueceu que estava deitada debaixo dela. Apressada, ela se arrasta para fora, passando a mão na cabeça pela dor causada pela pancada e vê Rodrigo em pé, no meio do quarto, impecavelmente vestido como sempre. Ele estava como se tivesse sido petrificado pela visão da imagem com que Maria se apresentava naquela hora já avançada do dia. Seu marido tinha passado para almoçar em casa, pois estava próximo e havia perdido o horário normal de almoço no restaurante da empresa. Sua agenda que era sempre cheia, muitas vezes exigia que ficasse sem almoçar, podendo apenas se alimentar direito, quando chegava em casa à noite.
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Maria se levanta do chão, ajeitando a parte de cima de seu pijama, todo torto e amarrotado em seu corpo. A poeira que havia se impregnado nele quando ela se enfiou debaixo da cama, era uma visão degradante. Ela olha para Rodrigo nos olhos e diz com um sorriso lago, que iria correr para preparar algo para ele comer. Ela sabia que ele só passava em casa durante o dia, quando tinha chance de estar por perto e poder almoçar. Porém com um ar sombrio e distante, Rodrigo diz a ela que não precisava se preocupar. Que ele esta sem fome e que na verdade, eles precisam conversar sobre um assunto muito sério, e que aquele momento era o ideal. Ele pediu que ela sentasse na cama, enquanto ele andava pelo quarto de um lado, para o outro. Maria ficou apreensiva, mas afinal em 20 anos de casamento, com dois filhos, de vez em quando tinham que conversar a sério sobre alguns problemas, mas logo tudo se resolvia sem maiores transtornos. Foi então que Rodrigo parou de andar pelo quarto. Voltando-se para Maria, ele se aproximou dela e ainda em pé, disse que a iria deixar. Maria ao ouvir a frase em que ele dizia que iria deixa-la, respondeu imediatamente que ele não poderia ir, não sem antes almoçar, mesmo que tivessem que discutir o tal assunto sério mais tarde, mas ele precisava se alimentar. Ela sempre foi a esposa que fazia de tudo para a família e não media esforços para ter certeza de que todos sem exceção, estivessem sempre bem cuidados, era seu maior prazer na vida. Para Maria, a possibilidade de Rodrigo deixa-la não existia e por isto, ela não assimilou imediatamente o sentido do que ele havia dito naquele momento. Rodrigo determinado que estava, repetiu em alto e bom tom, que iria deixa-la, mas desta vez, acrescentou que iria pegar suas roupas para fazer as malas.
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Sem mais delongas ele se dirigiu a porta do guarda roupas do casal e enquanto o fazia, disse que iria se mudar para a casa de alguns amigos, até que pudesse arranjar um apartamento só para ele. Ao chegar em frente à porta do guarda roupa ele a abriu e pegando suas roupas, Rodrigo virou-se para Maria , dizendo que depois viria buscar seus pertences pessoais. Com tristeza em seu olhar, ele disse que aquela decisão já havia sido protelada por muito tempo. Que ele já não mais poderia aguentar viver com ela sob o mesmo teto, não suportava mais estar ao lado dela nas circunstancias em que ela mesma os havia colocado. Maria que estava sentada à beira da cama, levantou-se lentamente e sentiu como se o chão houvesse desaparecido debaixo de seus pés e teve que se sentar novamente. Ela sentiu no fundo de sua alma, que seu mundo a partir daquele instante, havia se tornado um abismo sem fim. Ela ficou sem palavras. Um grito de dor queria escapar de sua garganta, mas ele ficou amarrado, entalado em sua garganta, sem poder ecoar pelos ares, sem poder fazer com que o mundo inteiro ouvisse sua voz e seu grito de desespero. Ela ficou imóvel. Totalmente paralisada.
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Em frente aos seus olhos, ela viu passar as imagens de seu casamento, dos anos que viveram juntos, do nascimento de seus filhos, da alegria que tiveram com a chagada deles, da segurança e estabilidade que ela tinha ao lado dele, e tudo isto, só fazia com que ela quisesse morrer naquele momento. Ela precisava desesperadamente de um buraco para se esconder. Queria desaparecer deste mundo, para não sofrer tanta dor. Rodrigo com os olhos cheios de lágrimas, sem nenhum gesto de carinho, virou as costas, já com as malas na mão, saiu sem dizer mais nada e fechou a porta atrás dele, tomando outro rumo na vida. Um rumo diferente daquele que Maria tinha certeza de sabia qual era, até aquele momento decisivo na vida dos dois. Ao ouvir o som da porta se fechando atrás de Rodrigo, Maria caiu em prantos. Seu choro se arrastou por longos e dolorosos momentos, até que quase sem forças, ela se levantou e foi até o banheiro. Ela queria passar um pouco de água no rosto para ver se melhorava, pois estava se sentindo fria, gélida como um corpo sem vida. A imagem dela refletida no espelho, mostrando olhos vermelhos de tanto chorar, cabelos que mais pareciam um esfregão velho e sujo, pois já nem mesmo estavam totalmente presos pela “piranha”, já que no decorrer dos acontecimentos, eles foram se soltando a ermo. Do jeito que ela estava naquele momento, mais parecia um fantasma. Ela se sentiu totalmente arrasada, acabada, sem razão de existir. Sentiu como se fosse um trapo velho e inútil que foi jogado no lixo, depois de ter sido usado o suficiente. Um objeto qualquer que já não tinha mais serventia para nada, nem para ninguém. Ela se desesperou mais ainda, ao ver no reflexo do espelho a sua imagem.
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Entre seus dentes, ainda havia pedacinhos de amoras pretas, que ela havia comido alguns momentos antes de Rodrigo chegar. Ao ver sua própria imagem naquele estado, instantaneamente, uma emoção que ela não conhecia antes, fez com que ela compreendesse e sentisse o peso, as proporções e as consequências, tanto das atitudes dela para consigo mesma, quanto das de Rodrigo. Seu pranto de desespero se tornou um misto de gargalhas e de soluços. Um misto de emoções e um turbilhão de lembranças e recordações a invadiu. Naqueles instantes, no meio de tantos sentimentos e sensações, ela sentiu como se estivesse no olho de um furacão, esperando passar a calmaria do epicentro, para encarar o pior. Maria passou por momentos que foram muito difíceis de serem superados para que ela conseguisse reagir e continuar vivendo. Dias e noites se passaram, foram longos e longos meses de adaptação tanto para Maria, quanto para Rodrigo, pois uma vida nova se apresentou aos dois e eles tiveram que carregar com eles as feridas, que só mesmo o tempo poderia curar. Como tinha que ser, um dia Rodrigo encontrou outro amor e ele se casou com Flávia. Ela tinha a mesma idade de Maria, mas tinha uma outra visão do mundo e da vida, e eles viveram muito felizes. Rodrigo teve outros filhos com Flávia, que cuidava de tudo e de todos na casa deles e ainda trabalhava fora, mas acima de tudo, cuidava dela mesma, para que ela pudesse estar sempre se sentindo bem consigo mesma, pronta e impecável para se apresentar aos olhos das outras pessoas e de Rodrigo, que a admirava pelo seu amor próprio e pela maneira com que ela encarava a vida e tudo mais ao seu redor. A personalidade de Flavia, fez com que ele fosse sempre louco por ela e ano após ano, este amor foi sendo cultivado, alimentado e nutrido pelos dois, para que fosse duradouro e eles viveram assim, pelo resto de suas vidas.
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Maria por sua vez, que havia ficado com a guarda das crianças, havia conseguido um emprego, coisa que ela nem se lembrava mais como era, mas sentiu-se renovada, com novas energias, dona de si mesma, responsável por seus próprios passos, consciente de suas responsabilidades. A mudança para ela veio gradativamente, mas com uma força e uma profundidade imensa. Ela tinha agora consciência real de suas necessidades pessoais e responsabilidades para consigo mesma. A nova Maria, sempre arranjava um tempo, mesmo que um tanto forçado, para cuidar de si mesma. Cabeleireiro, manicure, massagista, sauna, descanso, relaxamento, entre outras palavras que não existiam em seu dicionário, se tornaram palavras de ordem em sua vida. Chegou a um ponto, que quando era definitivamente impossível ir a um profissional da área de estética para que cuidasse dela, ela mesma fazia seu cabelo e suas unhas. Nunca mais em sua vida, Maria saiu do banheiro ao se levantar pela manhã, com cara de lençol amassado permanecendo assim o resto do dia. Ela jogou todos os seus pijamas velhos fora. Comprou novas roupas de dormir de acordo com a moda do momento, macios, confortáveis e de cores alegres e quando se olhava no espelho, ela gostava daquilo que via. Sua autoestima renasceu e ela passou a se amar em primeiro lugar.
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Depois de algum tempo, Maria encontrou Otávio, ele passou a admira-la pela sua capacidade de discernir as coisas da vida e por seu senso de valorização de si mesma. Ela estava sempre em boa forma, sempre alinhada e por pior que fossem as circunstancias que se apresentassem; ela nunca perdia a classe, nem a disposição, ela se tornou uma mulher admirável e desejada. Sua luz interna que antes vivia apagada, agora iluminava a tudo e a todos que a rodeavam. Como não poderia ser diferente; Maria e Otávio se apaixonaram. Eles se casaram, mas ela jamais abandonou seu emprego, pois amava o que fazia e tinha planos para o futuro de sua carreira. Ela cuidava de tudo e de todos, fazia de sua vida um verdadeiro jogo de equilíbrios para dar conta de tudo, mas dela mesma, nunca mais esqueceu-se de cuidar. Ela aprendeu que para amar e ser amada, é preciso acima de tudo, gostar de si mesma e não inverter os valores num relacionamento. Finalmente, ela compreendeu que não se pode viver bem e feliz, esquecendo-se de si mesma em prol dos outros, pois o resultado é sempre desastroso. Sua vida mudou literalmente porque ela aprendeu sentindo na própria pele, que efetivamente só perde quem leva a vida, em função da vida dos outros, e literalmente, se esquece de viver sua própria vida.
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Para que possamos amar e sermos amados, para que possamos estar felizes e contentes com quem somos, com nosso verdadeiro "eu", primeiro temos que aprender a gostar de nós mesmos, só assim vamos poder ser e fazer as outras pessoas felizes.
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Dentro de cada um de nós há uma centelha que precisa ser alimentada e quando ela se acende, sua luz é tão poderosa, que todos que estiverem à nossa volta, vão querer ficar ao nosso lado.
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No fundo de nossos corações, há uma busca constante e infinita, pela direção e o caminho certo, que possa nos levar à verdadeira luz.
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Por via de regra, constantemente procuramos em todos os lugares imagináveis e inimagináveis, sem encontrar este caminho. Tentamos e tentamos, mas esquecemos de procurar no lugar mais importante de todos, aquele que está sempre ao nosso alcance, esquecemos de procurar dentro de nós mesmos.
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Encontrar este caminho, ou não, só depende de nós e, se não aprendermos a procurar no lugar certo, ficaremos eternamente, em busca da verdadeira Luz...
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Autor: José Araújo













domingo, 5 de outubro de 2008

OS ALIENÍGENAS...






Ele havia viajado mais rápido do que a velocidade da luz. Foi trazido de seu planeta, para aquele lugar para cumprir uma missão. Tinha que proteger e defender os interesses de toda a sua raça. Ele precisava ajudar seus semelhantes numa guerra medonha que estava sendo travada entre dois mundos. Uma guerra que não foi iniciada por seu povo, mas para que não fossem extintos da vastidão do Universo, eles foram obrigados a se defender. Do resultado final desta batalha dependia a subsistência de sua espécie, de sua raça no universo. E agora lá estava ele, molhado, totalmente enlameado, com fome, frio, assustado e estava a oitocentos mil anos luz distante de seu lar. O sol no céu daquele planeta, era de uma estranha cor azul. A força da gravidade daquele lugar era imensa. Muito maior do que aquela com a qual ele estava acostumado. Cada movimento dele era extremamente dificultoso. Quase um martírio para ele. Na guerra, nada havia mudado por dezenas de milhares de anos. Lutas e mais lutas, mortes e mais mortes se seguiram ao longo dos tempos. Ao contrário do que acontecia com ele, mover-se era muito fácil para os pilotos em suas espaçonaves de linhas aerodinâmicas. Elas eram capazes de se movimentar em qualquer direção. Voavam a velocidades alucinantes, mas sem causar nenhum desconforto para seus ocupantes e além do mais, eram equipadas com poderosíssimas armas de última geração. Podiam aniquilar qualquer inimigo que se atrevesse a enfrenta-los no ar. Contudo, quando as coisas se tornavam mais difíceis, eram ainda os soldados em terra, a infantaria, que tinham que sofrer as consequências de estarem fora de seu verdadeiro habitat. Eram obrigados a lutar batalhas sangrentas. Uma após a outra, para defender as posições conquistadas com tanto sofrimento, tantos sacrifícios. Tinha sido exatamente por isto, que ele havia sido enviado para aquele maldito planeta. De uma estranha estrela. Tão distante de seu lar.
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Ele nunca havia ouvido sobre ele antes. Mas agora, o planeta havia se tornado importante, porque os alienígenas também estavam lá. Os alienígenas eram a única outra raça inteligente em toda a galáxia, porém, eram monstros cruéis e repulsivos. Depois da lenta e difícil colonização de mais de vinte mil planetas, seu povo havia feito contato com eles em algum lugar próximo ao centro da galáxia. Os alienígenas atacaram primeiro. Eles atiraram, mataram, nem tentaram dialogar, negociar ou propor estabelecer um acordo e manter a paz. Agora uma guerra ferrenha estava sendo travada. Planeta, após planeta. Ele e seu povo precisavam se defender dos ataques dos alienígenas. Era preciso garantir e manter as áreas que haviam conquistado às custas de muitas vidas ceifadas, pela maldade de seus inimigos. Lá estava ele. Com medo, frio, fome, com sede e com os nervos abalados pela pressão que estava sofrendo naquele ambiente hostil. Aquele era um dia úmido e frio, muito comum naquele planeta e um vento forte machucava seus olhos. Ele o impedia de ver com clareza toda a área da qual ele estava encarregado de proteger. Os alienígenas estavam tentando infiltrar-se naquela área e tomar os postos de vigia, que ele e seus semelhantes haviam montado em pontos vitais. Mesmo com toda a adversidade do clima, da pressão atmosférica e do terreno, ele se mantinha a postos. De arma em punho, pronto para tirar em caso de um ataque repentino. Oitocentos mil anos luz longe de casa. Lutando em um lugar desconhecido, imaginando a todo instante, se iria viver para voltar e ver seu planeta novamente. Se iria conseguir voltar para sua casa, voltar para seu lar, para o aconchego e o calor de sua família. Foi então que de repente, ele percebeu que um dos alienígenas estava sorrateiramente rastejando em sua direção.
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Quando chegou perto dele, levantou-se com uma agilidade incrível para ataca-lo. Apesar da dificuldade de executar movimentos por causa da alta pressão atmosférica, seus reflexos responderam a tempo e unicamente para salvar sua própria vida, ele apontou sua arma e atirou no monstro. O alienígena emitiu um som horripilante. O mesmo que todos eles sempre emitiam quando eram feridos. Então ele caiu. Caiu de costas quase aos pés do soldado e lá permaneceu, deitado, imóvel, uma visão quase impossível de se descrever. Quando o alienígena gritou, ele estremeceu de pavor ao ouvir o som pavoroso feito por ele. Pior era vê-lo tão de perto caído na lama, bem em sua frente. Soldados deveriam estar sempre acostumados a situações como esta, mas no caso dele, nunca esteve preparado totalmente para isto, e acreditava que jamais estaria.
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Os alienígenas eram as mais repulsivas e asquerosas criaturas, tão horríveis e nojentas que lhe embrulhava o estomago. Ele sentia náuseas muito fortes e uma vontade incontrolável de sair correndo para bem longe dali. Queria ir para onde não pudesse ver, nem ouvir, nenhum sinal daqueles seres medonhos. Seres que não tinham caudas. Eles eram tão feios, tão abomináveis que possuíam apenas dois olhos, um nariz com dois buracos, uma boca pequena, sem falar é claro, na língua deles, que só tinha uma ponta. Aquelas coisas tinham dois braços, duas pernas, peles lisas e horripilantes que tinham cores que ele nunca havia visto em sua vida. Algumas eram claras, outras morenas e também havia os que eram negros. Mas o que mais o aterrorizava, é que todos eles, sem exceção, independente de sua cor, não tinham em seus corpos, uma escama sequer...
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O soldado se lembrou naquele momento de pânico e de terror, de que seu velho mentor havia lhe dito que aqueles monstros horríveis eram de um planeta, que um dia foi muito lindo. Um lugar onde a água predominava e onde havia terra, havia muitas plantas e animais de muitas espécies. Tinha também florestas exuberantes, onde flores magníficas desabrochavam numa época que eles chamavam de Primavera. Mas aqueles seres do mal acabaram com o meio ambiente de seu planeta. Eles destruíram cada pedacinho de verde que encontraram pela frente, até que um dia, o seu próprio planeta se revoltou contra eles. Não havia mais água, não havia mais alimentos, não era possível respirar sem usar equipamentos para tal. A vida lá estava impossível para eles. Foi então, que aquelas coisas resolveram partir para o espaço sideral à procura de um novo lar. Com uma tecnologia imensamente avançada, eles não tiveram problemas para iniciar sua jornada em buscas de um novo lar. Contudo, a maldade, o egoísmo e a inveja já haviam se instalado em seus corações. Tudo que sabiam, é que tudo aquilo que a eles era desconhecido, precisava ser destruído antes de se tornar perigoso para sua raça. O bom velhinho que lhe contou toda a estória dos alienígenas, disse também, que no processo de evolução, eles eliminaram os sentimentos de seus corações e matar para eles era instintivo. Seu lema em qualquer situação era atirar primeiro e se livrar do problema, mesmo que o que estivesse em sua frente, não representasse um.
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Exausto, o soldado olhou para suas mãos tremulas, com a membrana que unia seus dedos, toda enrugada e suja de lama, apoiou sua cauda no chão e sentou-se sobre ela para descansar um pouco. Ele não tinha mais forças para continuar, pelo menos não naquele momento. Ele fechou seus olhos por uns instantes e diante daquele ser nunca imaginado, nem mesmo nos piores pesadelos das crianças, do qual agora escorria um liquido gosmento e vermelho, e agradeceu silenciosamente por ele e seu povo, desde o inicio da existência de sua raça, terem cuidado de seu mundo, com todo carinho, com todo cuidado e era para lá que ele queria ir agora, de volta para seu lar...
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Uma ficção que de momento é apenas fruto da imaginação de um escritor, não podendo ser encarada como realidade, mas para que não aconteça conosco, o que aconteceu com os alienígenas deste conto, é preciso que haja uma conscientização da humanidade, de que a Terra é o nosso lar, e sendo assim, precisamos começar desde já a corrigir os erros que temos cometido, ao longo de nossa evolução. Um planeta é um ser vivo, ele sofre, ele sente dor, ele chora, assim como ele é capaz de amar, de proteger, de alimentar, de retribuir as atenções recebidas e se sentir feliz com isto. Se não mudarmos nosso comportamento para com ele e para com os nossos semelhantes, espalhando amor ao invés de violências, poderemos num futuro talvez não muito distante, ser exatamente como eram os horríveis e abomináveis seres ,de quem tanto tinha pavor, o pobre soldado estelar.
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Poderemos um dia fazer parte da história das galáxias, sendo citados em livros digitais, com nossas imagens minuciosamente detalhadas e transmitidas através de hologramas, para todos os cantos do universo, mas não como uma raça, como um aviso aos outros seres do Universo de que somos monstros, sem nome próprio, sem mais nada, a não ser, a nomenclatura genérica e pejorativa de:
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Os alienígenas.
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Autor: José Araújo
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O que ontem nos livros foi ficção, hoje é realidade, sendo assim, nós podemos escrever nosso futuro e ele pode ser muito melhor, mas para que isto aconteça, é preciso começar a escrever já e mais do que tudo, é preciso saber o que vamos escrever.
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José Araújo