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domingo, 6 de junho de 2010

A GOTINHA DE ORVALHO


O inverno acabou. O dia estava radiante. Naquela manhã de primavera, quando o sol nasceu e espalhou suavemente sua luz sobre a natureza exuberante, uma gota de orvalho que estava sobre uma folha e que tinha acabado de acordar, tornou-se consciente de toda a beleza que havia ao seu redor. Lá embaixo, um riacho de águas límpidas e sonoras, davam ao lugar um clima de muita paz. Orgulhosa de sua beleza simples, ela estava radiante consigo mesma e muito feliz. Ao lado dela, havia também outras gotas de orvalho. Algumas na mesma folha que ela, outras em folhas que estavam em outros galhos da mesma planta e todas brilhavam à luz do sol como pequenos diamantes. Contudo, a gota de orvalho se achava a melhor e a mais especial entre todas elas.

-Nossa! É tão bom ser uma gota de orvalho! Ela falou.

Em meio a tanta beleza, tantas cores e perfumes das flores que haviam acabado de desabrochar, ela não poderia ser mais feliz!

Enquanto ela admirava encantada tudo ao seu redor, o vento foi aumentando e de repente começou a balançar as folhas e a gota de orvalho sentiu-se escorregar. O pavor tomou conta de seu coração e mais ainda quando a gravidade, com a inclinação da folha, começou a empurrá-la na direção da ponta da folha onde ela estava, rumo ao desconhecido.

-Por que? Ela Pensou.

-Porque isto esta acontecendo comigo? As coisas estavam indo tão bem. Eu estava confortável e segura. Por que as coisas tinham que mudar? Por que?

Em meio ao seu desespero a gota de orvalho chegou à ponta da folha. Ela estava aterrorizada. Tinha certeza de que iria se despedaçar em milhares de pedacinhos quando caísse lá embaixo! Tinha chegado o seu fim. Aquele dia radiante de primavera tinha apenas começado e seu fim tinha chegado tão depressa. Tudo lhe pareceu tão injusto. Tão sem sentido!

Na sua ansia por viver ela tentou se agarrar desesperadamente em qualquer coisa que pudesse segurar na superficie da folha, mas foi em vão.

Finalmente, exausta e sem forças de tanto tentar se salvar, ela não aguentou mais e lentamente foi se soltando e então, ela se deixou cair. Se rendeu à força da gravidade.

E lá ela se foi. Caindo, caindo…

Enquanto caia, ela teve tempo de olhar para baixo e lá ela viu algo que se parecia com um espelho. Ela estava caindo, mas sua própria imagem refletida nele, parecia estar subindo ao seu encontro. Ela e sua imagem foram se aproximando mais e mais até que finalmente, numa fração de segundos, elas se uniram.

Foi então que algo maravilhoso aconteceu. O medo se transformou em um profundo sentimento da mais pura alegria, da mais pura realização enquanto aquela pequenina gota de orvalho se misturou com a vastidão de água que havia naquele riacho que corria mansamente em meio à floresta, rumo a um rio que por sua vez iria desaguar num oceano.

A pequenina gota de orvalho que não queria morrer, que se achava melhor do que todas as outras, que tentou de todas as formas se salvar da queda, já não mais existia, mas a melhor parte da estória, é que ela não foi destruída.

Ela tinha se tornado apenas mais uma gota em meio a um todo e, ela se sentiu muito bem, compreendeu finalmente que é assim que deve ser, que ninguém é melhor do que os outros, seja o que for, tenha o que tiver, pois de acordo com as Leis de Deus, é assim que deve ser para todos, afinal, somos todos iguais, seus filhos e nada mais. Não há exceção.

Autor: José Araújo

2 comentários:

Isaulina disse...

Que coisa mais linda amigo
A gotinha de orvalho ganhou vida, tendo até coração e sentimentos!rsrs
Este conto serve de exemplo para cada um de nós, serve para refleti que não somos nada diante de tanta beleza criada por Deus.
devemos ser humilde diante de qualquer um a nossa volta, pois todos somos filhos de um só pai que é nosso criador.
Não devemos fazer disfeita com quem quer que seja.
Pois todos somos irmãos.
Muito lindo seu conto amigo
Um abraço carinhoso!

Winderson Marques disse...

Muito bom... Parabéns!. Voltarei para ler mais