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sábado, 12 de junho de 2010

O CHOCALHO


Quando eu era apenas um garotinho, eu e minha família morávamos numa Olaria, uma fábrica de tijolos de barro e durante toda a minha infância, eu convivi com muitos animais. Eu nem via o tempo passar correndo pelos campos que havia no enorme terreno onde ficava nossa pequenina casa de tijolos. Ela havia sido feita com materiais fabricados na própria Olaria, tanto os tijolos, como a massa que os unia e as telhas, eram feitas de barro. Foram tempos inesquecíveis. Sei que nunca esquecerei tudo que aconteceu naquele lugar. Lá, onde a pobreza era grande, mas, à beira do rio Tietê, na Várzea do Palácio, que fica no município de Guarulhos em São Paulo, onde cresci, havia paz e todos os seres vivos tinham forte ligação comigo e com as outras pessoas que moravam naquele lugar mágico e cheio de encantos, que na época, eu não dava a ele o devido valor.


Lembro de um acontecimento que marcou para sempre meus tempos de criança. No pasto, todo cercado, que havia perto de nossa casa, viviam dois cavalos. Se a gente olhasse de longe, os dois eram exatamente iguais. Tinham o mesmo tamanho e até suas crinas e caudas tinham o mesmo comprimento. Contudo, se chegássemos bem perto, veríamos uma coisa muito interessante. Um deles era cego. Meu tio, o velho Tião, não quis sacrificá-lo quando ele ficou cego após ter adoecido ao contrair um mal desconhecido. Muito pelo contrário. Ele o colocou no pasto cercado, onde havia alimento para ele em abundancia e muita grama verde e macia para quando ele quisesse se deitar para descansar. Lá, ele vivia confortável e seguro e meu tio por varias vezes parava junto à cerca, a caminho de sua tarefa diária na Olaria e ficava absorto em pensamentos. Eu observava tudo com muita atenção. Não compreendia aquela atitude dele, mas o tempo se encarrega de nos desvendar segredos que quando somos crianças não conseguimos decifrar. Dia a dia, curioso, eu comecei a acompanhar a vida daqueles dois animais mais de perto. Descobri que de longe, não havia nada de diferente naquele cenário magnífico, cheio de verde e de vida, mas chegando mais perto e ouvindo atentamente, era possível ouvir sinos tocando e eles vinham da direção do cavalo que não era cego.


Meu tio tinha colocado um chocalho amarrado por um cordão a um dos tornozelos dele e, por onde quer que fosse, era possível saber onde ele estava. Parado ao lado da cerca, olhando os dois animais, percebi que aquele que não era cego e, que carregava o pequeno chocalho, olhava de vez em quando na direção do seu amigo, que não mais podia enxergar. Percebi também que o cavalo cego seguia seu amigo por onde quer que ele fosse. Lentamente, ouvindo barulho do chocalho, ele caminhava na direção de seu amigo e, para ele, parecia ser uma coisa absolutamente normal. Ele agia como se acreditasse piamente no sinal sonoro dado a ele por seu amigo e o seguia na direção certa, sem nunca errar o caminho. Nos finais de tarde, quando a noite se aproximava, o cavalo que não era cego se dirigia ao pequeno estábulo de madeira que havia sido construído para os dois.

O mais interessante, era que antes de entrar nele, ele dava uma parada, fazia movimentos com a perna para fazer barulho com o chocalho e olhava para trás, para ter certeza de que seu amigo estava ouvindo o som e que o estava seguindo de perto. Sempre que ele fazia isto, eu me emocionava e meus olhos se enchiam de lágrimas. Com o passar dos anos, compreendi que assim como meu tio, dono dos dois cavalos, Deus não nos deixa de lado porque não somos perfeitos, ou porque temos problemas na vida. Ele esta sempre nos observando para ter certeza de que não ficamos para trás e quanto temos dificuldades, ele sempre dá um jeito de colocar outras pessoas ao nosso lado para nos ajudar, quando mais necessitamos.

Algumas vezes, somos como o cavalo cego, sendo guiados pelo som do chocalho que Deus põe naqueles que ele coloca em nossos caminhos. Outras vezes, somos como o cavalo que não era cego e ajudamos outras pessoas que encontramos durante nossa jornada pela vida, a encontrar o caminho.

Viver é estar todos os dias, durante vinte e quatro horas em sala de aula. Deus nos ensina muito a cada segundo de nossas vidas e ele o faz enquanto vivenciamos tudo que acontece conosco em nosso dia a dia. Muitos de nós aprendemos as lições que nos são ensinadas, passamos de ano e continuamos a aprender até o fim de nossos dias em constante evolução. Outros, tem que ficar em recuperação para ser lembrados daquilo que lhes foi ensinado, mas que não aprenderam, porque não deram ao Mestre, a devida atenção.


Autor: José Araújo

2 comentários:

Noeni disse...

Sinceramente estou emocionada com com este texto,e mais uma vez tenho a confirmação que vc é um ANJO enviado dos céus,ANJOS vestidos de homens, amigo em todos os momentos!!!PARABÉNS!!!

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