QUANTO
VOCÊ ACHA QUE GANHA UM ESCRITOR NACIONAL? RIOS
DE DINHEIRO?
Se você pensa assim, vamos
ver se continuará mantendo a mesma opinião após ler esta matéria.
Ok! Você ama escrever, tem
talento, disciplina e até mesmo uma editora querendo publicar seu original, mas
aí vem a pergunta que não quer calar:
Afinal, quanto eu vou
ganhar com isso?
Bem, vamos ao assunto e os
relatos e observações que se seguem são os casos mais comuns, a partir da minha
experiência como autor independente, que já publicou em editoras convencionais
e hoje, é optante pela autopublicação, mas na verdade, as editoras estão livres
para outras negociações, cada uma age à sua maneira, não há um padrão
obrigatório a ser seguido por todas, mas uma coisa é certa:
Quem ganha menos na
publicação pelo método convencional é o “Pai da criança.”, ou seja, o escritor
e se não tiver outra ocupação que possa garantir-lhe o sustento, não consegue
sobreviver.
Vamos entender claramente quanto
ganha um escritor com o uso do método convencional de publicação:
Critério:
Na maioria dos casos é
percentual de direito autoral do escritor sobre sua obra, costuma ser entre 8%
e 10% do preço de capa do exemplar vendido, mas o mais praticado no mercado
editorial é 8%.
Entenda, se um livro esta à
venda na livraria por R$30,00, se aplicarmos o percentual mínimo de 8% sobre
este preço, teríamos R$2,40 (dois reais e quarenta centavos) de direito autoral
para repasse ao autor quando da prestação de contas ou seja, para que um
escritor pudesse ganhar razoavelmente exercendo unicamente esta profissão,
teria que vender alguns milhares de livros por mês.
E sinceramente, sendo mesmo
muito sincero, no Brasil os livros que vendem, são aqueles que chegam do
exterior e principalmente, aqueles que aqui chegam com divulgação em massa pela
mídia como sendo um Best Seller New York Times.
Portanto, ser escritor no
Brasil, é ser um profissional das letras que faz o que faz por amor, por
determinação de fazer aquilo que mais gosta na vida, não como uma fonte de
renda para sobrevivência ou progresso financeiro.
Vendagem:
Cada livraria fecha de um
jeito e em uma data.
As editoras sérias e
idôneas, normalmente disponibilizam as planilhas de contabilidade para os
autores uma vez a cada semestre, outras menos responsáveis quando cobradas das
planilhas de vendas, que alegam aos autores que as livrarias só prestam contas
anualmente, ou não prestaram ainda as contas do período anterior para ganhar
tempo e fazem os acertos uma vez por ano e, é claro, como nada é um padrão no
universo editorial nacional, há casos em que os autores não recebem prestação
de contas e não raramente, acabam por não receber nem mesmo um centavo sobre
seus irrisórios 8% de direito autoral sobre o preço de capa dos livros que
foram vendidos.
Vale lembrar ainda, que quase
sempre, nesta jogada está também o Distribuidor, aquele que se encarrega de
distribuir os livros para as grandes livrarias e que muitas vezes é apontado
como culpado pelas editoras, pelo atraso ou não prestação de contas.
Tempo de repasse:
Não é uma regra seguida por
todas, mas na maioria das vezes, as editoras adiantam uma quantia a combinar
para o autor, antes das vendas e vão descontando desta quantia os livros
vendidos.
O autor só torna a receber
quando e se ultrapassar aquela quantia já recebida em direitos autorais.
Algumas editoras muito pequenas e sem fluxo de caixa para isso, pagam o autor
nas suas datas de fechamento, normalmente de 3 em 3 meses, mas pode chegar até
a 1 ano.
Tiragem:
As edições sempre tem uma
quantidade de exemplares determinada e isto é sempre colocado muito claramente
e muitas vezes, consta até mesmo do seu
contrato.
Você fica sabendo
exatamente quantos exemplares rodaram em gráfica, quantos foram para imprensa,
quantos foram para livraria, etc. Isto tudo é feito de forma muito transparente
e às vezes o editor pede para você assinar junto com ele os exemplares de
cortesia do editor (jornalistas, etc), contudo, o que você irá receber da
tiragem impressa, só saberá quando a editora fizer os acertos do que foi
vendido, antes, ficara apenas na expectativa e isto pode levar de seis meses a um ano para acontecer.
Autopublicação, distribuição
e venda de livros:
Já se tornou clichê nos
meios literários dizer que o trabalho do escritor não é fácil. Uma tarefa
completamente solitária e que exige toda a força de vontade de alguém
seguramente não é para qualquer um. Seria bonito dizer que a profissão de
escritor exige um amor incomensurável pelas letras, pelas palavras, pela
linguagem e pela atividade de contar histórias, mas a verdade é que a escritura
de artigos, ensaios, poemas e romances é mais do que uma relação de amor com a
escrita.
A ideia de se tornar um
escritor implica num caso de obsessão com o ato de escrever. E ninguém que não
seja obcecado por contar histórias ou estórias consegue se manter nesse
trabalho por muito tempo.
O ofício do escritor é um
balaio de problemáticas que precisam ser resolvidas uma a uma. Primeiro se tem
uma ideia, aquela ideia que teima em não sair da cabeça e que vai se
esparramando, criando tentáculos, até se tornar um universo ou o recorte de um
universo quer funciona de acordo com os desígnios de seu criador, o escritor.
Mas brincar de Deus não é
uma tarefa fácil.
A ideia deve ser trabalhada
e retrabalhada, os parágrafos precisam ser trocados de lugar, as frases,
cortadas e reescritas, até que o mundo criado pelo escritor faça sentido em si
mesmo e comece a caminhar sozinho. Em entrevistas, quando perguntados sobre
quando sabem que um projeto realmente chegará a algum lugar, quase todos os
escritores dão a mesma resposta: eles passam a ter certeza de que uma ideia se
transformará em um livro no momento em que seus personagens passam a ter vozes
próprias, que fazem exigências e dão conselhos e quando a cópia do mundo, a
mimese, criada pelo autor inicia o processo de funcionar sozinha, ditando suas
próprias regras. Quando esse jogo começa, o escritor se vê num redemoinho
criativo e o projeto do livro engata.
Mas essa não é a última
fase.
Depois de tudo pronto,
haverá a prova de fogo da literatura:
Convencer o departamento de
avaliação de originais de alguma editora de que vale a pena publicar aquele
livro.
Livros são como filhos para
aqueles que os escreveram. E ver seu bebê rejeitado pelas editoras não é uma
experiência fácil.
Na maior parte das vezes,
as editoras rejeitam originais pelo simples fato de eles serem ruins: autores
que vieram dos contos não conseguem escrever de acordo com a estrutura de um
romance; autores sem experiência prévia enviam histórias coalhadas de erros
básicos; autores acreditam que alguém realmente vai querer ler mais de quinhentas
páginas de uma história que não é interessante ou, de alguma forma, profunda.
Outras vezes, o problema é
que escritores novatos enviam seus manuscritos para as editoras erradas, cujos
padrões de publicação não se coadunam com o tipo de história que o autor narra
em seu livro.
Alguns originais não
interessam porque não oferecem possibilidades comerciais e outros pecam por
abusar dos clichês que estão na moda no momento.
A lista de motivos para que
um escritor não tenha seu livro publicado não tem fim.
Mas os autores não se dão
por vencidos e, com a internet e a popularização de leitores digitais, como o
Kindle, o iPad e outros que permitem a leitura dos e-books em Pcs, Tablets e
Smartfones a qualquer hora e em qualquer lugar, contam com uma nova arma, já
conhecida há décadas no exterior, para
lutar na guerra do mercado editorial e fazer com que seus livros cheguem até os
leitores e finalmente o “ Pai da criança” o escritor, possa receber de acordo
ou seja, bem melhor do que no processo publicação em editoras convencionais, e
esta arma, com uma extensa gama de recursos, é a autopublicação e não só
autores os autores iniciantes estão aderindo a esta nova modalidade de
publicação, grandes autores já fazem parte deste novo universo editorial paralelo,
em fase de franca expansão e que certamente irá se popularizar a cada dia mais
e mais entre os escritores devido aos resultados positivos.
Um exemplo do poder da autopublicação,
foi o americano Hugh Howey que queria vender cinco mil exemplares de seus
livros ao longo da vida. Ele se dedicaria à literatura por 10 anos até que
começasse a contabilizar o resultado. A meta acabou se revelando modesta.
Nos dois primeiros anos,
foram cerca de 4 mil exemplares. E então publicou Wool, o primeiro da série
digital Silo. "Vendi mil cópias num mês, 3 mil no seguinte, 10 mil no
terceiro mês", disse durante sua passagem pela Bienal do Livro de São
Paulo.
Ele administra bem a
expectativa.
"Faço isso dizendo a
mim mesmo que amanhã nunca será como hoje. Mas publico há três anos, e só
melhora", brinca o autor de ficção científica cuja estreia foi por uma
editora pequena.
No entanto, ele logo
percebeu que seria mais feliz cuidando das edições do começo ao fim.
Howey rasgou o contrato do
segundo livro e partiu para a autopublicação, e credita o sucesso a dois
fatores: o boca a boca e a produção intensa.
"Não tem propaganda
melhor do que fazer o próximo livro, e o seguinte, e mais um. E com a
autopublicação posso disponibilizar o livro uma semana após ter terminado o
trabalho e não esperar um ano para sair por uma editora tradicional. Não quero
que o leitor tenha de esperar."
Logo, os direitos foram
vendidos para o cinema e os agentes literários apareceram, querendo negociar a sua
obra, disponível em e-book na Amazon - ele publica pela KDP, plataforma da
gigante americana e para impressão sob demanda.
A Intrínseca foi a primeira
editora a comprar os direitos de Silo - hoje, o livro está em 32 países e
contabiliza cerca de 2,5 milhões de exemplares vendidos em e-book e papel.
O exemplo de Howey não é o
único e é cada dia mais comum ver autores independentes chamando a atenção das
editoras. Alguns se rendem mediante um bom adiantamento. Outros fazem contratos
híbridos: ficam com os direitos digitais e vendem os do livro físico.
Aqui, a moda também está
começando a pegar. FML Pepper, dentista de Niterói, que também participou da
Bienal, tem dois e-books pela KDP - Não Pare, Não Olhe (nessa segunda, o 17.º
e-book mais vendido da Amazon), vai lançar Não Fuja e acaba de vender os
direitos para a Valentina, que os lançará em papel em 2015. Sua história é curiosa:
rejeitada por editoras, ela foi aprender nos EUA.
"Todos os casos de
sucesso na autopublicação vinham de lá e queria me tornar um deles. Fui a
conferências, estudei, corri atrás", conta. "Um bom sinal de que a
autopublicação está funcionando é que entre os top 100 da Amazon sempre há
alguns da KDP", comenta Alex Szapiro, diretor da empresa.
Além dela, há várias outras
no Brasil com diferentes características, mas após ter testado várias
concorrentes em âmbito nacional, eu, José Araújo, optei pela Perse-Publique-se e há 2
anos parei definitivamente de publicar meus livros através do processo
convencional e rendi-me aos encantos e resultados positivos da autopublicação disponibilizando através deste método todos os meus títulos nas versões impressa e digital.
Hoje eu ganho para
escrever, para fazer o que mais amo na vida, não muito, mas ganho e antes, eu literalmente
pagava para escrever.
Bem, começamos esta matéria
questionando quanto ganha um escritor no Brasil, exemplificamos claramente o
quanto um escritor pode ganhar publicando e vendendo seus livros pelo método
convencional e, finalmente, chegamos à autopublicação, hoje uma grande
realidade, que permite ao escritor publicar sem custos as suas obras e
vende-las da forma que quiser, quando e onde quiser, com ou sem o uso de
distribuidores, mas certamente, com ganhos reais por ter sido o responsável
pela geração de seus “Filhos”, suas "Crias", o que normalmente não ocorre com a
publicação pelo método convencional.
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Por José Araújo
Janeiro de 2015
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